Montagem Teatral: Na Era de Ouro do Rádio / Museu do Estado do Pará (Série
Bravíssimo)
Autora da crítica: Nanda Lima: Psicóloga, interprete e tradutora em Língua Inglesa. Participante do Mini Curso "O que pode uma crítica teatral?"
Autora da crítica: Nanda Lima: Psicóloga, interprete e tradutora em Língua Inglesa. Participante do Mini Curso "O que pode uma crítica teatral?"
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) houve um grande
desenvolvimento dos meios de comunicação para fins militares, originando com o
passar do tempo: o rádio. No Brasil, o rádio atingiu seu apogeu em 1930, logo se
tornando o principal veículo de comunicação de massa. Este período foi
conhecido como a “Era de Ouro do Rádio”, muito mais que um meio de comunicação,
o rádio tornou-se um meio de entretenimento.
Esse é o tema que foi revisitado pelo espetáculo musical e
cênico promovido pela Escola de Música Beny Monte. Dirigida por Milton Monte, o
programa revelou ao público digital de hoje, um dia no estúdio da época aura
deste charmoso veiculo de comunicação do país, com direito a locutor, vinhetas,
música ao vivo e uma radionovela, ápice da noite. Ao longo da montagem percebi
a riqueza de detalhes históricos e o resgate de intérpretes brasileiros ouvidos
e esquecidos nas emissoras de radio das décadas de 30 a 50.
O espetáculo revisitou sucessos como: “A Noite do Meu Bem”,
“Aquarela do Brasil” e “Fascinação”, além é claro da marchinha “Cantoras do
Rádio”. A reencarnação dos deuses do rádio, que não somente aveludavam as
canções, mas também interpretavam seus cantores, lembrou-me de quando minha avó
me contava às horas que ela passava ouvindo as radionovelas. E como “O Direito
de Nascer” foi uma de suas preferidas.
A dramatização da radionovela, mais do que um bônus aos
ouvintes-espectadores, foi uma verdadeira máquina do tempo. A imaginação
trabalha sozinha, quando fechamos os olhos e viajamos para a época dourada. As
vozes dos atores-intérpretes me conduziram as conversas no meio da tarde, com
açaí ou pupunha, em que minha avó contava: “Quem já ouviu o rádio sabe como
eram emocionantes os capítulos de O Direito de Nascer”, e ela me contava: “A
história se passava em Cuba, Havanna, a Maria Helena engravidara do noivo, que
não assumia. Era um escândalo”.
No relato de minha avó, eu podia imaginar ali, uma jovem dar à
luz a uma criança, torna-se, o que era rotulo da época, mãe solteira, era algo
inaceitável. Preconceitos da época dourada ou eles ainda existem nos dias
atuais? Deveria de fato chocar o rechaço do pai de Maria Helena ao seu neto não
planejado? Não está condizente com os valores de hoje acusar e julgar as jovens
pelo despertar de sua sexualidade? Estamos no século XXI, e no que mudamos?
O espetáculo ia chegando ao seu fim, e outro questionamento me
atravessou: Agora que podemos ver o que antes só se imaginava, o que aconteceu
com a nossa imaginação? A imaginação é nossa capacidade de formular imagens
mentais, construir cenários hipotéticos, manifestar a memória em diferentes
maneiras, porém o que acontece com ela quando tudo já é entregue de mão
beijada? As diferenças do livro para o filme e como os leitores sempre reclamam
que os livros são tão melhores que os filmes. Nos livros, somos empurrados a
estimular a nossa imaginação, a ver muito além de nossos olhos, a enxergar com
a mente e sua capacidade de alcançar o infinito. Assim mesmo se faz o rádio.
As vozes ecoam e as lágrimas, os risos, os beijos, a raiva, não
são dos intérpretes, são nossas. Milton Monte foi capaz de registrar em imagens
os sons da era nostálgica da imaginação. Com sutileza, delicadeza e requinte a
série Bravíssimo do Museu do Estado do Pará demonstrou o que ainda temos a
aprender com o nosso passado.
8 de Maio de 2017
Na
Era de Ouro do Rádio
Museu do Estado do Pará (Série
Bravíssimo)
Cantoras-intérpretes:
Alba Ferreira, Iolanda Parente, Joana Coutinho, Kláudia Perdigão, Cláudia Vidal (Graziela), Marileide Coimbra, Socorro Simão e Vick Vale
Cantores-intérpretes:
Renan Villas (Albertinho Limonta), Adnaldo Souza, Almir Morisson, Garibaldi Parente
Instrumentistas:
Gervásio Cavalcante (Violão e Direção Musical), Vinícius Moraes (Guitarra, Teclado e Direção Musical), Zé Macedo (Percussão)
Fotografia:
Cantoras-intérpretes:
Alba Ferreira, Iolanda Parente, Joana Coutinho, Kláudia Perdigão, Cláudia Vidal (Graziela), Marileide Coimbra, Socorro Simão e Vick Vale
Cantores-intérpretes:
Renan Villas (Albertinho Limonta), Adnaldo Souza, Almir Morisson, Garibaldi Parente
Instrumentistas:
Gervásio Cavalcante (Violão e Direção Musical), Vinícius Moraes (Guitarra, Teclado e Direção Musical), Zé Macedo (Percussão)
Fotografia:
Thamires Costa
Arte e Cartaz:
Arte e Cartaz:
Renan Villas
Direção Cênica e Roteiro:
Direção Cênica e Roteiro:
Zezé Caxiado
Direção Geral:
Direção Geral:
Milton Monte (Narrador)
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