Montagem Teatral: Falando de flores.
Marta Teixeira: Atriz; graduanda de
Licenciatura em Teatro UFPA; Participante do Minicurso de Crítica Teatral: “O
que pode uma crítica teatral?”
Com base no que a
história relata sobre a época da ditadura militar no Brasil Renan Coelho
escreveu Falando Sobre Flores –
apresentação que tem no elenco o próprio escritor e a acadêmica em Licenciatura
em Teatro Demi Araújo.
Confesso que pensei que
seria mais uma encenação falando da ditadura militar no país, mas fiquei feliz
por ter pensado errado. A montagem utiliza jogos teatrais que a tornam mais
dinâmica. Um desses jogos são os fatos ditos pelos atuantes para a plateia, mas
não pela simples maneira de relatar e sim pela controversa deles – um é civil e
participante do movimento contra a ditadura e o outro é um militar que trabalha
no Departamento de Ordem Política e Social (D.O.P.S).
A peça tem início com
uma música do rádio de época e logo em seguida ouvimos a notícia sobre os atos
institucionais e suas censuras – a preocupação do civil ao pensar que tudo
estava perdido, mas também o sentimento de esperança. A entrada inesperada do
militar procurando Carlos Figueiredo, o agredindo fisicamente e o levando para
o D.O.P.S e é nesse momento que começa o jogo emocional e o exercício da
respiração.
A cada cena havia uma
agressão física diferente, o militar não ia parar até o civil falar onde estava
o chinês que foi sequestrado; no final de cada cena um dos atuantes comentava
sobre seu lado na história – o militar dizia que o “regime” no Brasil foi quase
um “mar de rosas” e o civil dizia como era a ditadura em Belém/PA e sobre a
imprudência de militares que ocasionou a morte de pessoas inocentes/crianças.
Logo após cada agressão
física, o militar dirigia a palavra a Carlos Figueiredo e era nesses momentos
que eu percebia a falta de domínio do exercício de respiração. A atuante ficava
ofegante todas as vezes que isso acontecia, é claro que não é fácil trabalhar com
o emocional desse nível, mas o perceptível era que nesses
períodos apenas o jogo emocional era presente, porque só depois de um tempo ela
conseguia conciliar o jogo emocional com a respiração.
No final, Carlos
Figueiredo já havia perdido sua esposa, seu filho e seus amigos mas mesmo tendo
sofrido todos os tipos de agressão, principalmente o conhecido pau de arara, nunca perdeu a esperança
de que a situação do país iria melhorar e acreditou nisto até o último momento
de sua vida. O civil foi morto pelo militar na cela em que ficou desde que foi
preso – nesse momento os atuantes, no último instante da cena final, não
conseguiram segurar muito o emocional e deixaram a tristeza aparecer; mesmo
assim, foi uma encenação bem sucedida.
22 de Maio de 2017
Montagem
teatral:
Falando
Sobre Flores
Direção:
Karine
Jansen
Dramaturgia:
Renan
Coelho
Atores:
Renan
Coelho e Demi Araújo
Iluminação:
Luciana
Porto
Sonoplastia:
Jairo
dos Anjos
João
Calado
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