Montagem teatral: Marahu
Montagem: Cia de Teatro Madalenas.
Autora da crítica: Maria Christina. Produtora; Jornalista Cultural; Participante do
Minicurso de crítica teatral “O que pode uma crítica teatral?”
O espetáculo Marahu homenageia o poeta paraense Max
Martins, falecido em 2009, operando vários elementos concomitantemente,
ultrapassando o modus operandi do
teatro mais tradicional quando adiciona efeitos especiais, como o fazer
contemporâneo da arte em geral. Embora sua constituição seja artesanal,
refina-se o discurso linkando-o a outra expressão artística e utiliza recursos high tech sem, naturalmente, comprometer
o conteúdo e a ação, mantendo a visceralidade, sem a qual não se pode falar do
poeta.
Impossível não fazer,
em determinado momento de muita suavidade, uma analogia com o filme O Livro de Cabeceira, de Peter
Greenaway (1996), no qual em alguns trechos o corpo feminino assume outros
contornos, como a sugerir um território a ser tocado e explorado pelas
palavras, como um receptáculo de imagens e desejos, meio brincando também
com o caderno de artista de Max, o qual imprimia ali, em palavras, desenhos e
colagens, sua inspiração, suas projeções.
Os haicais no fundo do palco, e a atriz interpondo-se como a usurpar
daquela tela a primazia de tê-los gravados no corpo, é um dos momentos mais
híbridos do espetáculo, que avança sempre declinando da atuação clássica e
assume como que a performance
artística, dialogando com a imagem projetada, dançando ao som de entremeio para
uma voz que mesmo estando, não está mais ali.
O corpo mexe e se
contorce, as palavras sobem e descem em movimentos de onda pelas curvas dos braços
e pernas, caminham sobre o intruso permitindo-se um dueto, repetindo sob nova
roupagem o que desde o início a peça nos sugere, transportando-nos todos
a uma nesga de praia sob a luz prata que invade as janelas de uma cabana,
testemunha de um amor incomum do poeta por aquela natureza.
Nada é ao acaso. Tudo o
que está ali é matéria prima a tecer loas ao homenageado, e cada ato e fração
de luz leva-nos a Max, que mesmo observando-nos com os olhos levemente
apertados, levanta-se, pega o cajado de madeira e some no horizonte que se
funde na areia.
Inverno
de 2017
FICHA
TÉCNICA:
Montagem:
Cia de Teatro Madalenas
Elenco:
Flavio Furtado, Leonel Ferreira e
Marta Ferreira.
Iluminação:
Iluminação:
Thiago Ferradaes.
Direção e Edição de Vídeos:
Direção e Edição de Vídeos:
Carol Abreu.
Direção Musical:
Direção Musical:
Diego Vattos.
Dramaturgia:
Dramaturgia:
Saulo Sisnando.
Coordenação Geral:
Coordenação Geral:
Leonel Ferreira.
Realização:
Realização:
Cia de Teatro Madalenas.
Registros:
Registros:
Naldo Silva.
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