Montagem teatral: Pop Porn – Sete vidas e infinitas possiblidades de corações partidos
Autoria Crítica: Ramon
Oliveira. Participante do Minicurso “O que pode uma crítica teatral?”
Eu: Já faz
quase uma semana que assistia peça Pop Porn, mas ainda não consegui fazer a
crítica.
Ela:
Sério? Pensei que você já tivesse feito! E para quando é mesmo?
Eu: Para
próxima segunda! Tô fodido!
Ela: É!!
Que fase!
Eu: Mas o
que você lembra daquela peça? Quero fazer algo diferente! Não quero relatar
cena a cena.
Ela: Como
assim, Amor?
Eu: Quero
fazer uma crítica com uma outra pegada! Quando a gente chegar em casa irei te
mostrar a crítica da Ana Maria Christina. Pra você ter uma ideia, ela só
relatou aquela cena das meninas na “praia” nos últimos parágrafos. Meu prof,
então, nem se fala. A crítica dele deve ter no mínimo umas três páginas.
Ela: Teu
professor é engraçado! Rs. Quase todo dia eu o vejo chegar na Etdufpa com sua
bicicleta, sua caixinha de som e seu capacete!
Eu: Ousado!
Mas, então... O que achou da peça?
Ela: Ahh,
não sei. Gostei de tudo!
Pausa
pro Pop Porn!!!
Ela: Eu gostei da peça porque eles usaram locais da nossa cidade!
Nossa, não vou esquecer daquela moça, a segunda que entrou! Lembra? Aquela que
brincou com a pistola! Eu acho que se ela tivesse feito menos ligações para os
boys, ela teria essa foda que falta na vida dela.
Eu: Curti a personagem dela. Ela mostrou de uma forma um tanto
quanto exagerada que existem ainda pessoas carentes, afobadas, mas que no fundo
só querem uma boa transa e depois fumar um cigarro, tomar uma cerveja,
conversar, ou somente, virar e dormir.
Ela: E aquele cara que não saia do armário? Achei ele ridículo, não
como pessoa, até porque ele fez muito bem o papel de um homem que não se assume
como homossexual, mas que pune, que tem atitudes machistas, e que no fundo está
doido para dar ré no quibe.
Eu: Verdade! E o Alexandre?! Pega a galera do Tinder! Curiosamente,
foi lá que nos conhecemos, né, branquinha?! Alexandre, aquele típico trintão
que só procura por sexo casual. Mas, também foi foda aquilo que o pai dele fez
com ele. O cara não dava a menor importância para mulher, e ainda apresentou
uma das amentes para o filho.
Ela: Ai de você se apresentar sua amante para o nosso filho! Ai de você
se me trair! Eu corto a teu p**!
Eu: E aquela coroa?! Ainda tá na atividade. Vai pra motel e tudo!
Pena que ainda tem uma visão meio subserviente ao seu marido. Lembra da fala
dela sentada no divã? Que sexo, é a mulher abrir a perna e pronto. Eu acho que
aquele marido dela já deve ter pulado a cerca, hein... O cara sabia dos
apetrechos sexuais que tinha no motel e tudo.
Ela: Pode ser, mas acho que ela quis bancar a santa, mas no fundo
ela gosta de uma putaria! Esqueceu do show que aconteceu? Era tapa na bunda,
puxão de cabelo! Tua amiga quase senta no nosso colo naquela hora.
Eu: Verdade. Pensando por este lado, você tem razão. Achei que a peça
trouxe os fatos que a sociedade mascara, e penso também que todos pagantes
daquele sábado podem achar impensável o que fizeram com aquela mulher
transexual, mas na verdade, enquanto nós condenamos as atitudes de agressão,
opressão e humilhação que fizeram com ela, a gente percebe como a sociedade é
escrota e inverte alguns valores, como por exemplo: O marido daquela primeira
mulher que entrou na primeira cena estava traindo ela com a trans, mas ela foi
agredir a outra mulher que não tinha nada a ver com a relação deles. Claro, agredir
não é a decisão correta a se tomar e pior ainda é você agredir uma pessoa que
estava lá pois a sociedade diz que trans não pode assumir cargos que são
considerados de respeito. E para piorar a situação e para deixar escancarado
para todos, a peça mostrou o quão cínico uma pessoa pode ser, pois o rapaz que
estava traindo a esposa foi descoberto, e gozando de seu cinismo, ajudou sua esposa a bater naquela jovem estudante de
direto.
Ela: Verdade, amor! Eu fiquei puta com isso, fico puta com essa
sociedade machista, que mesmo o homem estando errado ele sai “vencendo”. Gostei
do final quando a menina terminou com aquele cara lá e foi conhecer novos ares,
tudo bem que a cidade que ela escolhe não tem muita coisa, mas deixa ela ser
feliz, né!
Eu: Não diria que a cena das minas “na praia” foi o que mais me
chamou atenção, mas eu fiquei surpreso e dei mais um pouco de razão ao meu
pensamento sobre o vício, pois isso já virou vício, pois as pessoas sentem a
necessidade de tirarem seus telefones dos seus bolsos para “registrar” o
momento e publicar nas suas redes sociais. Moradores, transeuntes, a plateia
fez isso enquanto olhava todo aquele momento apoteótico, eu me perguntava, por
que as pessoas simplesmente não assistem a peça?”
2 de Abril de 2017
FICHA
TÉCNICA
PopPorn – Sete vidas e
infinitas possibilidades de corações partidos
Elenco:
Eliane Flexa, Erllon
Viegas, Gisele Guedes, Leonardo Moraes, Rony Hofstatter, Sandra Perlin e Saulo
Sisnando.
Participação
Especial:
Dragqueen Tiffany Boo
e do bailarino Mauro Santos.
Iluminação:
Sônia Lopes
Sonoplastia:
Breno Monteiro
Supervisão
de Figurinos:
Grazi Ribeiro
Assistência
de Direção:
Marina Dahás.
Direção:
Saulo Sisnando
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