Apesar da existência
secular da obra A Bela e a Fera com adaptação ao público infantil, no último
sábado (4/03/2017) foi a primeira vez que realmente parei para assistir essa
peça que foi muito bem elaborada pelo Grupo Encenação Cultural do Pará, com
direção de Fernando Matos.
Penso que antes mesmo
dos atores entrarem em cena, a encenação começou quando os petits enfants
batiam palmas fervorosamente seguindo o ritmo da música que tocava enquanto
aguardávamos a terceira sirene para nos deleitarmos com a peça.
As luzes se apagam e
tudo começa. Inicialmente, um locutor nos contava como a Fera tinha sido
enfeitiçada, enquanto isso, as crianças perguntavam aos seus pais onde estava a
Bela e quando ela finalmente apareceu, todos ficaram agraciados com sua beleza
e simplicidade. Neste momento, todos se calam para que fosse possível escutar
aquela voz doce e carinhosa.
Posteriormente, tive
contato com o primeiro e único vilão da peça, Arcádio, o caçador. Arcádio era
um belo caçador que nitidamente possuía um ego maior que seu corpo poderia
suportar. O grupo Encenação, possivelmente, quis fazer um alerta ou até mesmo
uma crítica sobre as atitudes do caçador para com Bela. Por ser jovem, bonito e
possuir músculos apetecíveis às damas do pequeno vilarejo, Arcádio acreditava
que Bela deveria ser sua esposa, já que mulher alguma havia o rejeitado. Além
disso, ficou implícito, que Bela tenha sido vítima de assédio moral, tendo em
vista que aquele contato que ambos tiveram não tenha sido o primeiro em que
Arcádio tenha afirmado que a demoiselle seria sua esposa.
Um outro momento de
tensão na peça, foi quando o pai de Bela sai para receber o dinheiro por ter
vendido toda sua mercadoria, e na pressa de chegar ao destino, ele decide
cortar caminho, mas quis o destino que ele se perdesse e curiosamente acaba
entrando em um castelo que aparentemente era silencioso. Enquanto tentava pegar
a rosa mais bonita do vaso, esse nobre senhor foi surpreendido pela Fera, por
um Candelabro e por um Relógio que também tinham sido enfeitiçados. Apesar do
bom humor dos objetos falantes, o pai da jovem camponesa foi feito prisioneiro
pela Fera, enquanto que no vilarejo, Bela, aflita pela demora de seu pai,
decidi procurá-lo.
Depois de muito andar,
Bela finalmente volta a ouvir a voz de seu pai, mas para vê-lo livre, ela teria
que ficar em seu lugar, se tornar a prisioneira da Fera. Demonstrando afeto e
carinho ao pai, aquela jovem, de tez branca e cabelos negros, aceita ser
prisioneira da grande Fera que subitamente a convida para um jantar e lhe dá a
melhor roupa e conta a ela a verdadeira história de seu feitiço. Para sua
surpresa e para felicidade de todos que estavam naquele teatro, Bela mostrou um
dom que está cada vez mais escasso, o dom de enxergar a grande beleza, ela
conseguia ver a bondade, a proteção, quiçá, o amor dentro daquele corpo que por
fora passava medo aos outros.
A peça chega ao seu fim
com um gracioso gesto de admiração e desejo quando Bela recebe, do que já não é
mais a fera, e sim o Príncipe, a mais bela e cheirosa rosa e um cálido beijo
gerado pelo jogo de luz e sombra causando euforia aos que assistiam maravilhados
essa encenação.
Ramon
Oliveira
8
de Março de 2017
FICHA
TÉCNICA:
ELENCO:
BELA
- Irlene Rocha
FERA
- Fernando Matos
PAI
DE BELA - Bruno Torres
FELIPE
DE VARENA - Robson Carrera
PIERRE
- Ricardo Tomaz
DUMONT
- João Júnior
BERTRAN
- Adiel Cuca
ARCADIO
- Kallil Marques
AQUINO
- Eduardo Vianna
LOBOS
-
Ariele Macedo, Max Nascimento, Pedro Grobério, Victor Rocha
FIGURINOS:
Irlene Rocha
SONOPLASTIA:
Daniel Matos
LUZ:
JR
MAQUIAGEM:
Paloma Lima
APOIO
TÉCNICO:
Jorgeanne Lelis, Adria Matos
PRODUÇÃO:
Phellipe Marques, Fernando Matos
DIREÇÃO
GERAL:
Fernando Matos
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