quarta-feira, 8 de março de 2017

Une rose pour la demoiselle – Por Ramon Oliveira

Ramon Oliveira: Participante do Minicurso de crítica em teatral “O que pode uma crítica teatral?”
Apesar da existência secular da obra A Bela e a Fera com adaptação ao público infantil, no último sábado (4/03/2017) foi a primeira vez que realmente parei para assistir essa peça que foi muito bem elaborada pelo Grupo Encenação Cultural do Pará, com direção de Fernando Matos.
Penso que antes mesmo dos atores entrarem em cena, a encenação começou quando os petits enfants batiam palmas fervorosamente seguindo o ritmo da música que tocava enquanto aguardávamos a terceira sirene para nos deleitarmos com a peça.
As luzes se apagam e tudo começa. Inicialmente, um locutor nos contava como a Fera tinha sido enfeitiçada, enquanto isso, as crianças perguntavam aos seus pais onde estava a Bela e quando ela finalmente apareceu, todos ficaram agraciados com sua beleza e simplicidade. Neste momento, todos se calam para que fosse possível escutar aquela voz doce e carinhosa.
Posteriormente, tive contato com o primeiro e único vilão da peça, Arcádio, o caçador. Arcádio era um belo caçador que nitidamente possuía um ego maior que seu corpo poderia suportar. O grupo Encenação, possivelmente, quis fazer um alerta ou até mesmo uma crítica sobre as atitudes do caçador para com Bela. Por ser jovem, bonito e possuir músculos apetecíveis às damas do pequeno vilarejo, Arcádio acreditava que Bela deveria ser sua esposa, já que mulher alguma havia o rejeitado. Além disso, ficou implícito, que Bela tenha sido vítima de assédio moral, tendo em vista que aquele contato que ambos tiveram não tenha sido o primeiro em que Arcádio tenha afirmado que a demoiselle seria sua esposa.
Um outro momento de tensão na peça, foi quando o pai de Bela sai para receber o dinheiro por ter vendido toda sua mercadoria, e na pressa de chegar ao destino, ele decide cortar caminho, mas quis o destino que ele se perdesse e curiosamente acaba entrando em um castelo que aparentemente era silencioso. Enquanto tentava pegar a rosa mais bonita do vaso, esse nobre senhor foi surpreendido pela Fera, por um Candelabro e por um Relógio que também tinham sido enfeitiçados. Apesar do bom humor dos objetos falantes, o pai da jovem camponesa foi feito prisioneiro pela Fera, enquanto que no vilarejo, Bela, aflita pela demora de seu pai, decidi procurá-lo.
Depois de muito andar, Bela finalmente volta a ouvir a voz de seu pai, mas para vê-lo livre, ela teria que ficar em seu lugar, se tornar a prisioneira da Fera. Demonstrando afeto e carinho ao pai, aquela jovem, de tez branca e cabelos negros, aceita ser prisioneira da grande Fera que subitamente a convida para um jantar e lhe dá a melhor roupa e conta a ela a verdadeira história de seu feitiço. Para sua surpresa e para felicidade de todos que estavam naquele teatro, Bela mostrou um dom que está cada vez mais escasso, o dom de enxergar a grande beleza, ela conseguia ver a bondade, a proteção, quiçá, o amor dentro daquele corpo que por fora passava medo aos outros.
A peça chega ao seu fim com um gracioso gesto de admiração e desejo quando Bela recebe, do que já não é mais a fera, e sim o Príncipe, a mais bela e cheirosa rosa e um cálido beijo gerado pelo jogo de luz e sombra causando euforia aos que assistiam maravilhados essa encenação.
Ramon Oliveira
8 de Março de 2017

FICHA TÉCNICA:
ELENCO:
BELA - Irlene Rocha
FERA - Fernando Matos
PAI DE BELA - Bruno Torres
FELIPE DE VARENA - Robson Carrera
PIERRE - Ricardo Tomaz
DUMONT - João Júnior
BERTRAN - Adiel Cuca
ARCADIO - Kallil Marques
AQUINO - Eduardo Vianna
LOBOS - Ariele Macedo, Max Nascimento, Pedro Grobério, Victor Rocha
FIGURINOS:
Irlene Rocha
SONOPLASTIA:
Daniel Matos
LUZ:
JR
MAQUIAGEM:
Paloma Lima
APOIO TÉCNICO:
Jorgeanne Lelis, Adria Matos
PRODUÇÃO:
Phellipe Marques, Fernando Matos
DIREÇÃO GERAL:
Fernando Matos

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