Nanda
Lima: Participante do Minicurso de crítica teatral “O que pode uma crítica
teatral?”.
Conto tão antigo como o
tempo e encenado
em sua simplicidade e sutileza, o fino trato do castelo e os galhofeiros
objetos animados recontam sonhos ainda que pareça impossível no singelo e
despretensioso. Verdadeiro, pois ele
pode ser. Notei o prazer nos rostos dos atores ao interpretar cada
personagem, o gosto em retirar do papel o conto de fadas escrito por Jeanne
Marie Leprince de Beaumont, no século XVIII. Opostos mesmo amigos, então alguém se curva inesperadamente. A cena
manifesta em que Bela curva-se diante de seu Príncipe Fera estudada e
coreografada com requinte, ouvi os suspiros das bocas infantis. A dança bailou
pelos olhares da audiência em êxtase. Basta
uma pequena mudança, pequena para dizer o mínimo. Não digo que não vi
imaturidade, as vezes até certa inocência no erro, apenas sublocos de
intencionalidade. Tanto um pouco de
medo, nem um preparado. Uma vontade na garganta de dizer: “Se arrisca mais,
adentre a fantasia. Permita-se”. Mas isso não dura muito, pois mas uma volta da
valsa e volto a compreender: A Bela e a
Fera. Lá estão eles. Sempre apenas o
mesmo, sempre uma surpresa. Candelabro e Relógio numa sincronia de dar
inveja a qualquer prataria. Risonhos, medrosos e tão espertos em seu texto. Como nunca antes, sempre tão certo. Há
quem possa dizer que com um texto como este, não há como errar. À medida que o sol vai subir. Ao
adentrar da noite, as famílias que preencheram as cadeiras do teatro sente o
prazer de ver e rever o Conto tão antigo
como o tempo. Admirando sonhos que se repetem a cada ato. Melodia tão antiga como canção. A
música ocupa os silêncios dos suspiros da plateia atenta, que assiste, observa
e vislumbra. Muito doce e estranho. A
pouca iluminação em alguns pontos nos faz desejar que pudéssemos ver mais os
movimentos no tablado, gestos majestosos que não podem passar despercebidos. Encontrar você pode alterar. Mas a
história recheia todas as lacunas, e sei disso quando as luzes se acendem e
tenho lágrimas tenras e queixosas, receosas pelo fim, e contentes pelo tempo
que passou. Aprender que estava errado. O
Grupo de Teatro Encenação Cultural do Pará pode estar Certo como o sol ou como A
subida no Oriente que nada é mais válido do que recontar o Conto tão antigo como o tempo.
Nanda Lima
6 de Março de 2017
FICHA
TÉCNICA:
ELENCO:
BELA - Irlene Rocha
FERA - Fernando Matos
PAI DE BELA - Bruno Torres
FELIPE DE VARENA - Robson Carrera
PIERRE - Ricardo Tomaz
DUMONT - João Júnior
BERTRAN - Adiel Cuca
ARCADIO - Kallil Marques
AQUINO - Eduardo Vianna
LOBOS - Ariele Macedo, Max
Nascimento, Pedro Grobério, Victor Rocha
FIGURINOS:
Irlene Rocha
SONOPLASTIA:
Daniel Matos
LUZ:
JR
MAQUIAGEM:
Paloma Lima
APOIO
TÉCNICO:
Jorgeanne Lelis, Adria Matos
PRODUÇÃO:
Phellipe Marques, Fernando Matos
DIREÇÃO
GERAL:
Fernando Matos
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