sexta-feira, 5 de junho de 2015

Circo no Theatro da Paz

Louise Bogéa.

Servidora pública federal do Museu da UFPA.


V FESTIVAL DE DANÇA ANEC-PA
Sobre a organização: A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) – anteriormente denominada Associação de Educação Católica do Brasil (AEC/BR) – foi criada decorrente da incorporação da Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas (ABESC) e Associação Nacional de Mantenedoras de Escolas Católicas do Brasil (ANAMEC). A ANEC é uma associação de direito privado, constituída por pessoas jurídicas, sem fins lucrativos e econômicos, de caráter educacional, cultural, beneficente, filantrópico e de assistência social, ligada à Educação Católica no Brasil e reunida em comunhão de princípios com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Data: 30.05.2015
Local: Theatro da Paz

Percebeu-se que o tema meio ambiente e natureza, relacionado às emoções humanas foi o guia para quase todas as apresentações das escolas associadas à Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), incluindo os colégios Santa Catarina de Sena, Santa Rosa, Marista Nossa Senhora de Nazaré, Santa Madre, Gentil Bittencourt, São Paulo, Santo Antônio e outras. A Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA) também se fez presente no evento, este iniciado às 18:30h deste sábado, estendendo-se até 2h e 30m de duração, com o total de 32 apresentações
Em um primeiro momento, com a entrada dos organizadores e representantes das instituições, houve apenas um discurso, proferido por uma freira. Percebeu-se certo desleixo no figurino dos responsáveis presentes no palco, dada a utilização de minissaia e outras vestes inapropriadas à ocasião, inclusive o próprio figurino de algumas das jovens dançarinas eram inadequados, sendo que é expressamente proibida a entrada de vestes similares, no ingresso cedido pelo teatro.
Entre a mistura de estilos, cores, interpretações e canções de diferentes épocas durante o evento, ocorreu o infortúnio da apresentação da ETDUFPA: uma dupla de palhaços, ou mais especificamente, um pierrô e uma pierrete, com a inclusão de um beijo na sua performance. Percebeu-se que havia técnicas de dança, o figurino estava de acordo, mas houve a carência de criatividade, tornando-a um tanto monótona. Vale mencionar que a personagem retratada se refere ao palhaço triste e apaixonado que fora traído pelo seu amor.
A história da dança não fora contada corretamente, resultando em um beijo frio, sem a transmissão de emoção – se houve, entre os dançarinos – e quase sem sentido, para a maioria dos presentes.
Acredita-se que, para uma performance de dança com qualidade, significa um figurino elegante ou pelo menos de acordo com a proposta ditada pela música; a execução da performance em um baixo número de artistas, pois, quanto menos, melhor; e o estilo de interpretação, dado pela interação dos dançarinos com a música ou através do conto de uma história, ao dançar.
A iniciativa da ANEC é, apesar de elogiável – ao viabilizar a inclusão através da arte –, se levar em consideração técnicas de dança maduras, principalmente em relação ao sincronismo de movimentos entre os dançarinos, pode-se dizer que elas constituíram apenas algumas das apresentações, incluindo a da ETDUFPA. Entretanto, independentemente da idade, houve a carência de emotividade e expressividade na execução da coreografia, ou seja, nos movimentos corporais e expressões faciais; mudanças de ritmo demasiadamente abruptas, sem muita ligação entre elas; e a contrastante falta de sincronia entre o figurino e a música. E, ao meu ver, no caso da dupla dos palhaços tristes, a tristeza não fora transmitida, nem tampouco a melancolia, mas sim, apenas monotonia.
Acredita-se que a proposta dos festivais da ANEC são amostras de dança, com o objetivo de incentivar a prática nas escolas associadas, entretanto, eventos com tais características não deveriam ser público-alvo do Theatro da Paz. Este que já apresentou obras do maestro Carlos Gomes e outros grandes espetáculos, durante o período de ouro da borracha.
Ressalta-se que o evento se tornou cansativo, dada a saída de mais da metade dos presentes até o seu encerramento. As últimas apresentações já foram destinadas a um público exausto, sendo que o apresentador realizou a despedida, sem discursos finais.
Em uma última análise, não desprezando o trabalho da ANEC e de suas escolas associadas, porém, o Theatro do Paz, digníssimo em seu valor histórico-cultural, permanece ávido por apresentações a sua altura. Fato que demonstra um cenário um tanto que decadente da arte paraense.

05.06.2015

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