Louise Bogéa.
Servidora pública federal do Museu da UFPA.
V
FESTIVAL DE DANÇA ANEC-PA
Sobre a
organização: A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) –
anteriormente denominada Associação de Educação Católica do Brasil (AEC/BR) –
foi criada decorrente da incorporação da Associação Brasileira de Escolas
Superiores Católicas (ABESC) e Associação Nacional de Mantenedoras de Escolas
Católicas do Brasil (ANAMEC). A ANEC é uma associação de direito privado,
constituída por pessoas jurídicas, sem fins lucrativos e econômicos, de caráter
educacional, cultural, beneficente, filantrópico e de assistência social,
ligada à Educação Católica no Brasil e reunida em comunhão de princípios com a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Data: 30.05.2015
Local: Theatro
da Paz
Percebeu-se
que o tema meio ambiente e natureza, relacionado às emoções humanas foi o guia
para quase todas as apresentações das escolas associadas à Associação Nacional
de Educação Católica do Brasil (ANEC), incluindo os colégios Santa Catarina de
Sena, Santa Rosa, Marista Nossa Senhora de Nazaré, Santa Madre, Gentil
Bittencourt, São Paulo, Santo Antônio e outras. A Escola de Teatro e Dança da
Universidade Federal do Pará (ETDUFPA) também se fez presente no evento, este
iniciado às 18:30h deste sábado, estendendo-se até 2h e 30m de duração, com o
total de 32 apresentações
Em
um primeiro momento, com a entrada dos organizadores e representantes das
instituições, houve apenas um discurso, proferido por uma freira. Percebeu-se
certo desleixo no figurino dos responsáveis presentes no palco, dada a
utilização de minissaia e outras vestes inapropriadas à ocasião, inclusive o
próprio figurino de algumas das jovens dançarinas eram inadequados, sendo que é
expressamente proibida a entrada de vestes similares, no ingresso cedido pelo
teatro.
Entre a mistura de estilos, cores,
interpretações e canções de diferentes épocas durante o evento, ocorreu o infortúnio da apresentação da
ETDUFPA: uma dupla de palhaços, ou mais especificamente, um pierrô e uma
pierrete, com a inclusão de um beijo na sua performance. Percebeu-se que havia técnicas
de dança, o figurino estava de acordo, mas houve a carência de criatividade,
tornando-a um tanto monótona. Vale mencionar que a personagem retratada se
refere ao palhaço triste e apaixonado que fora traído pelo seu amor.
A história da dança não
fora contada corretamente, resultando em um beijo frio, sem a transmissão de
emoção – se houve, entre os dançarinos – e quase sem sentido, para a maioria
dos presentes.
Acredita-se que, para
uma performance de dança com qualidade, significa um figurino elegante ou pelo
menos de acordo com a proposta ditada pela música; a execução da performance em
um baixo número de artistas, pois, quanto menos, melhor; e o estilo de
interpretação, dado pela interação dos dançarinos com a música ou através do
conto de uma história, ao dançar.
A iniciativa da ANEC é,
apesar de elogiável – ao viabilizar a inclusão através da arte –, se levar em
consideração técnicas de dança maduras, principalmente em relação ao
sincronismo de movimentos entre os dançarinos, pode-se dizer que elas
constituíram apenas algumas das apresentações, incluindo a da ETDUFPA. Entretanto,
independentemente da idade, houve a carência de emotividade e expressividade na
execução da coreografia, ou seja, nos movimentos corporais e expressões
faciais; mudanças de ritmo demasiadamente abruptas, sem muita ligação entre
elas; e a contrastante falta de sincronia entre o figurino e a música. E, ao
meu ver, no caso da dupla dos palhaços tristes, a tristeza não fora
transmitida, nem tampouco a melancolia, mas sim, apenas monotonia.
Acredita-se que a
proposta dos festivais da ANEC são amostras de dança, com o objetivo de
incentivar a prática nas escolas associadas, entretanto, eventos com tais
características não deveriam ser público-alvo do Theatro da Paz. Este que já
apresentou obras do maestro Carlos Gomes e outros grandes espetáculos, durante
o período de ouro da borracha.
Ressalta-se que o
evento se tornou cansativo, dada a saída de mais da metade dos presentes até o
seu encerramento. As últimas apresentações já foram destinadas a um público
exausto, sendo que o apresentador realizou a despedida, sem discursos finais.
Em uma última análise,
não desprezando o trabalho da ANEC e de suas escolas associadas, porém, o
Theatro do Paz, digníssimo em seu valor histórico-cultural, permanece ávido por
apresentações a sua altura. Fato que demonstra um cenário um tanto que
decadente da arte paraense.
05.06.2015
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