Paula Adrianna Barros: Graduanda em Licenciatura em Teatro pela UFPA, bolsista PIBEX pelo
projeto Tribuna do Cretino.
Segundo final de semana
de maio e as turmas do primeiro ano do técnico em Ator, Figurino e Cenografia da
Escola de Teatro e Dança da UFPA concluem o ano letivo de 2015; o resultado foi
apresentado no MEP – Museu do Estado do Pará, onde as linguagens artísticas se
unem com a técnica e abordagem dramatúrgica tendo como ponto de partida a
tragédia Édipo-Rei, de Sófocles.
As linguagens artísticas
de atuação, cenografia e figurino desafiam a linguagem histórica e
arquitetônica do espaço escolhido como Palácio de Édipo para a amostra do
resultado (espetáculo). E o que falar desse resultado? Primeiramente estamos
falando de três resultados de três cursos técnicos, então, vamos falar da
técnica? Seria o razoável, porém, penso que não posso falar como platéia que
pegou o ingresso e sentou em um dos oitenta lugares disponíveis, pois o espaço
que me serviu foi o das grades pelo lado de fora do Museu; há quem dissesse que
era o camarote, mas não do meu ponto de vista, me localizei atrás da iluminação
do lado esquerdo da entrada do Museu.
A visão que tinha do
espetáculo não era das melhores, porque o que logo me sobressaltou os olhos foram
os pilares e as escadas deslumbrantes do Museu, e o que as minhas percepções sensoriais
descobriram mais rápido foi a música, que era ao vivo. O suporte da iluminação atrapalhava
e incomodava minha visão, mas consegui ainda que em pequena parte acompanhar o
início do espetáculo, em que o Coro e Laio (pai de Édipo e rei de Tebas) uniam
os seus corpos em um ato sexual, sendo este último um ato gay que inicia o
espetáculo. Após esta ação inicial, o espetáculo parte do ponto em que de fato
a tragédia escrita por Sófocles inicia, onde o povo Tebano suplica por ajuda,
pois a cidade perece pelas desgraças da Esfinge após a morte de Laio.
O início escolhido para
o espetáculo me colocou uma pulga atrás da orelha: seria este ato sexual de
Laio o grande causador para os males da Esfinge e do destino que seria traçado
pra Édipo? Ou foi uma escolha do diretor Denis Bezerra de aproximação da
tragédia de Édipo, para a conjuntura social atual da questão de gênero? Não
sei.
A cenografia, era o
Museu, não havia algo que pudesse observar dali como cenografia que foi
colocado ou feito para estar naquele espaço, a não ser quando o coro atravessa
a cena com corvos de bonecos anunciando os maus tempos de Tebas, porém, o
espaço era propício a tragédia, nos localizava em um tempo e espaço distintos
do atual, o figurino dialogava com a idéia, também nos remetendo a Grécia
Antiga. Penso que foi o desafio.
E, por fim, me senti de
fato em uma tragédia, mas não a de Édipo, a minha, que por mais que tenha
tentado chegar cedo para pegar o ingresso no intuito de assistir dentro da
“cidade de Tebas” o meu destino já havia sido traçado; não consegui os
ingressos pois estes terminavam em tempo de dez minutos, sempre em uma longa
fila formada desde às cinco e meia da tarde. Esperei para a segunda sessão que
seria as vinte horas, mas quando cheguei perto de conseguir o ingresso, fui a
primeira da fila a ouvir que não havia mais lugar.
Paula
Barros
12
de Maio de 2016
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