Paula Barros, Graduanda de
Licenciatura em Teatro UFPA, bolsista PIBEX 2016 pelo projeto TRIBUNA DO
CRETINO.
Quando desejo sexo,
desejo corpos nus, mãos que deslizam e acariciam meu pescoço... seios...
barriga... essas mãos aos poucos vão descobrindo o que fazer com o calor dessa
pele frenética de desejo, causando arrepios e murmúrios ao pé do ouvido. Desejo
línguas que transam numa possibilidade infinita de beijos, que passam a
desvendar o salgado da pele de cima... abaixo, beijo que se precisa desbeijar
para recuperar o ar, mas que não perde a oportunidade de continuar beijando meu
corpo.
Quando desejo sexo,
desejo olhares de cumplicidade e paixão. Mas, sexo tem que ter perversão,
aquela saliente que pega gostoso pela nuca e prende teu cabelo nos dedos no
momento menos oportuno, que te aperta sobre o sexo já eriçado de desejo, então
começam os beijos, as mãos, línguas, carícias e já domina teu corpo.
Quando desejo sexo,
também desejo amor, aquele onde não precisa tocar teu corpo pra sentir prazer,
aquele que a troca de olhares já te despe, aquele onde o beijo é bitoquinha dando
vontade de mais, aquele onde o sexo são dois corpos que se penetram com toques
de ponta de dedos e olhares que são suficientes para te penetrar até a alma, te
deixa num estado de prazer e felicidade que não consegues conter o corpo,
parece que vai explodir para fora do teu peito feito fogos de artifício de
tanta felicidade.
Quando estou fazendo
sexo revelo meu lado encantador e o mais obscuro, rompo com meus muros, aqueles
que me vestem de moralidade cristã onde “o silêncio é a ordem de obediência e
servidão”, aquele que aprendi desde pequena que lugar de mulher era em casa
cuidando dos filhos e esperando o marido com o jantar pronto – não sei por que
diabos que nunca de verdade aceitei isso.
Quando estou fazendo
sexo me revelo mundana, nada puritana, e gosto de ser assim. Quando estou
fazendo sexo não tem família, pudor, moral, não tem roupa, somos só nós
revelando quão profano e maravilhoso é o ser humano.
Sexo tem que ter tentação, pode tirar, pode exibir...
isso pode... também pode... por que pode, tudo pode? PODE desde que seja de
comum acordo. Pode Madalenas o Teatro já dizem por aí que é perversão, então o
porquê de não se deixar perverter?. Me parece que Madalena queria me
representar, me fazer enxergar, me fazer desejar, sentir...AAAHHH! MADALENAS!
EU QUERIA MESMO É GOZAR!
Eu queria todo esse
sexo que te revelei, o do amor, da paixão, da cumplicidade, selamos um acordo,
lembra? “– O que acontece na casa das Madalenas fica na casa das madalenas.”
Não precisava lembrar que o mundo é machista, que o falo é símbolo de poder e
não de prazer, que as pessoas são preconceituosas a respeito de gostos dito
“duvidosos” sobre homem com homem e mulher com mulher... Ahhhh Madalenas,
mulheres lindas que devem saber que PODEM! Afinal, somos mulheres, nós
dominamos com as pernas, prendemos com a bunda e até matamos com um simples
olhar, nós podemos porque simplesmente queremos.
Sou mulher e gosto de
sexo, de orgasmo, de gozar e ver gozarem, gosto da vida e do modo que sou,
gosto de sapatos, bolsas, roupas, de sair, de sentir prazer, de ser mulher, de representar
e de muitas outras coisas para descobrir e gosto de ser descoberta. Me descobre
Madalena! Me rompe!, Me seduz! Mas não me mostra coisas que estou cansada de
ver, como mulher sou todo dia assediada, como mulher vejo muitas morrerem de
amor, ódio, violência.
Madalena! Me indaga, me
pergunta o quero, como quero, se quero. Me mostra todas as possibilidades que
não conheço ou não tenho pelo simples fato de ser mulher, Madalenas vamos juntas
descobrir o que é ter um orgasmo!.
Paula
Barros
15
de Outubro.
Oi Paula, tudo bem? Eu entendo o que você queria ver no espetaculo, entendo que querias gozar, entendo que és poderosa e as mulheres têm essa possibilidade de poder. Mas mostrar isso num espetáculo que fala de prostituição no século passado é romantizar não só a prostituição, mas a situação da mulher até mesmo na atualidade. Não precisa lembrar que o mundo é machista? Não precisa falar disso? Oi? Pesquise na internet quantas mulheres são espancadas por dia pelos seus maridos e não denunciam. Converse com mulheres que são agredidas e traidas por que elas não saem de casa. Infelizmente, "meu corpo, minhas regras" ainda é uma ilusão. Nós ainda andamos na rua morrendo de medo, nossas avós ainda mantém um casamento infeliz porque é obrigação da mulher manter o casamento. "Puta, inquilina dos corações vazios. Sua cama é pra guardar troféus de orgasmos falsos caros de papel"
ResponderExcluirMe desculpe, mas encher de orgasmos um espetáculo que fala de submissão e violência contra mulher é deixar o espetáculo a cara da Disney.
Obrigado pela obra e pelo debate de ideias. Abraços.
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