segunda-feira, 17 de outubro de 2016

MADALENAS SOMOS NÓS – Por Alana Lima

Alana Lima – Professora; contadora de histórias; aluna do Curso Técnico em Teatro da Escola de Teatro e Dança da UFPA.

Puta. Desgraçada. Vagabunda. Meretriz. Madalena. 7 Madalenas. Um cafetão. Ops, Senhor Cristóvão pra vocês! O cabaré da Belle Époque belenense está formado e a Casa das Madalenas abre as portas a quem quiser desfrutar de suas iguarias femininas. O ambiente é agradavelmente propício ao prazer e, ao entrar, por alguns minutos é possível esquecer que se está em um espetáculo de teatro produzido pelo Grupo de Teatro Universitário-2015. Até que o palco vira o foco e o espectador passa a ser um observador útil, isto é, “aproveitado” em momentos pontuais da cena para fins específicos. No restante do tempo, o universo do bordel só existe no palco, até o transitar dos personagens pelo espaço serve tão somente para posicionamentos e entradas futuras; as seduções interativas são abandonadas e a oferta gratuita dos serviços da casa aos espectadores também. Mas isso não torna o espetáculo menos interessante e instigante, apenas modifica o olhar do espectador – inicialmente sendo cliente do cabaré e posteriormente apenas assistindo a um espetáculo.
Outras escolhas da equipe também trazem dúvidas aos olhares mais atentos e que ultrapassam o conteúdo ficcional do espetáculo – a quem assistiu a primeira temporada da Casa, as mudanças são notáveis e diante de dificuldades pontuadas nas primeiras apresentações, vê-se que foram escolhidas soluções que não prejudicassem o andamento da trama. Uma dessas soluções é o mergulho rápido em Brecht que tenho a impressão de ter visto, diante da escolha de um cenário simples e prático (as cortinas que ambientam o espaço no palco, agora único, e dois caixotes que funcionam como cama, bancos, etc), da ausência de coxias (e, portanto, presença constante dos atores “em cena”, ainda que “neutralizados” nas paredes laterais) e a montagem de desmontagem de cenário frente ao público.
No entanto, me pergunto se a escolha aprofundada pelo épico não seria mais assertiva diante da pretensão discursiva do espetáculo. O discurso que se apresenta é político e social: não estamos falando de uma madalena específica, quanto mais de madalenas de um cabaré da Belle Époque. A escolha local e temporal é representativa. Trata-se de uma discussão sobre a mulher, sobre a prostituição feminina – a qual todas estão submetidas e não apenas aquelas que trabalham com isso, sobre machismo e sobre o grande bordel que é a sociedade na qual estamos inseridas e submetidas. Assim, a escolha pelo dramático – e me arrisco a considerar melodramático, inclusive – parece deixar a desejar o discurso denunciativo e de luta proposto pela Casa das Madalenas. Há emoção, lágrimas, cenas e textos que arrepiam acompanhados da trilha – muito bem escolhida e executada pela banda. Mas de quem são essas lágrimas? Quem e o que as Madalenas do espetáculo queriam alcançar? Desconfio, assistindo ao espetáculo de uma posição privilegiada, que há empatia da plateia feminina com as cenas e histórias apresentadas, mas tenho dúvidas se o melodramático alcançou o que mais é necessário ao trazer o discurso político para a cena: a reflexão, o incômodo, o desejo de transformação.
Outro elemento é instigante - e aqui não há como não comparar novamente as duas temporadas do espetáculo. A opção pelo nu foi completamente abandonada na primeira temporada e não fez falta, diante da estética escolhida naquele momento. Nesta temporada há a escolha confusa pelo seminude. Confusa porque permanecem os shorts pretos encobrindo o sexo, mas os seios ficam à mostra em boa parte das cenas. Confusa porque temos peitos de fora e paus cobertos. Confusa porque defendemos e denunciamos cenas de opressão e repressão às mulheres, mas mantemos encobertos os paus que as praticam enquanto os peitos que já tanto vemos nas revistas, TV e em todos os espaços em que a mulher é objeto sexual são expostos. Confusa porque o único nu completo parte de Levy, a Madalena travesti, outra oprimida que, dentro da opção pelo melodrama, não tira a roupa em sinal de resistência, mas de vergonha e dor diante das agressões verbais e físicas que sofre diariamente.
Fica a dúvida da necessidade desse nu que não faz o sexo ser mais sexo, nem o estupro ser mais estupro, muito menos torna as cenas mais sensuais ou eróticas. Talvez a escolha tenha sido proposital, a fim de vulnerabilizar mais a mulher diante dos que pagam pelos seus serviços, mas ainda assim no contexto do espetáculo é uma escolha que aos olhos do espectador que vive e dissemina o discurso machista diariamente, reforça a imagem objetificada da mulher.
À parte isso, a Casa das Madalenas provoca sensações, desde a bela fotografia do espetáculo até as canções que embalam o cabaré e o corpo dos atores que segue um ritmo sensual-dançante a todo tempo. Quanto às danças, é preciso lembrar que coreografias coletivas descoordenadas perdem o brilho e a dança deixa de provocar o efeito que poderia, considerando que a ideia é muito bem elaborada. A proposta da Casa é forte, intensa e extremamente válida a qualquer tempo, mas precisa ser defendida e executada com a mesma ênfase e comprometimento com que traz o discurso e arranca lágrimas da plateia. O conteúdo estético e imagético está no ponto, mas as escolhas poéticas ainda se encontram e desencontram na trama levando a resultados que beiram somente a fruição e não a reflexão. Que a Casa volte com mais clientes, mais força e afinação, mais convicção na defesa do discurso político e social e que as Madalenas diárias sejam cada vez menos Madalenas.
Alana Lima

17 de Outubro de 2016. 

domingo, 16 de outubro de 2016

Conversa entre Putas – Por Geane Oliveira.

Geane Oliveira: Graduada em Licenciatura em teatro UFPA, Participante do Projeto TRIBUNA DO CRETINO;
Era sexta-feira, dia de colocar o salto, um batom vermelho e vestido curto. Como dizem as amigas: dia de dá o close certo nos boys! Mas ELA precisava ouvir uma amiga antes de sair na noite, então, foi ao teatro, local do encontro. Quando entra se depara com um cenário bem parecido com o da ultima vez que se encontraram, mas as mesas do cabaré dessa vez não eram apenas quatro. Foi nesse espaço que sentou e agora era cliente, assim como os outros que também foram para ouvir a Puta Velha – MADALENA. O glamour dos lustres e  o abajur de mesa ainda estavam lá para lembrar a majestade de ser puta, o bar funcionava perfeitamente, os músicos estavam bem afinados. ELA foi bem recebida, escolheu um lugar com vista privilegiada, perto do palco das apresentações principais. Então, que comece essa conversa!
MADALENA: Oi querida! É um prazer reencontrá-la.
ELA: o que tens para mim? Preciso te ouvir, saí insatisfeita com nosso ultimo encontro, lembro que não me deu prazer.
MADALENA: Beba um pouco! Talvez depois de alguns copos virados consiga acompanhar o movimento do meu discurso. Hoje temos um pouco do mesmo: apresentação das habilidades das putas, música ao vivo como já podes notar, uns clientes mal comedores (cochicho: tocam nas putas como se tivessem nojo de mulher) e uns estereótipos para te fazer rir, pois tu pareces tensa e precisas rir um pouco. Ah! Espero que não se importe com a luz, pois ainda não consegui encaixá-la direito.
ELA: Minha cara, essas putas já conheço, suas habilidades só enganam, passam a mão no pau de seus clientes, me dão selinho, mas na hora de fazer parte de seus discursos me torno uma mera espectadora. Será que não percebes que essa tua distância ao falar de tuas dores e inquietações me coloca no mesmo lugar do telespectador das novelas? Como no nosso ultimo encontro te digo que cometeste o mesmo erro de me tornar apenas parte de tua cenografia.
MADALENA: Deves beber um pouco, estais alterada, será que não consegues enxergar meu esforço, te deixo nessa cadeira para melhor me ouvir...
ELA: Não te ouço, estais gritando, sim gritando, ou ainda cuspindo um discurso. Melhor, estais forçando teus clientes a engolirem o discurso repetido na televisão, nas ruas, praças... o Discurso é bom, o grito é bom, só não entendo porque tu não aprofundas, já  que tanto quer fazer o outro enxergar a realidade.
MADALENA: Puta da atualidade é cheia de coisa para falar, dissestes que veio para me ouvir e até então só falaste...
ELA: Eu tento te ouvir, mas tu embaralhaste tanto as coisas que não consigo engolir. Isso ta pior que o meu ultimo cliente que além de confuso nunca sabia em qual posição me colocar. O que tu tens para mim?  O que queres?  Sou puta como você, todos os dias acordo para lutar com minhas companheiras, pois acreditamos em igualdade social, política e econômica entre gêneros.
MADALENA: Quero que vejas o machismo em nossa sociedade, que lembre que muitas mulheres ainda são estupradas por causa de suas vestes, que se lembre das pesquisas do IBGE que apontam os números de mulheres assassinadas por ano. A discriminação racial (pois olhe nossa puta “pretinha”, veja como sofre). Sou Puta Velha, e quero que veja que tuas lutas podem ser representadas por mim, pois poucos passos foram dados ate aqui.
ELA: O que adianta tu me apresentar tudo isso, se não te aprofundas. Quer mesmo falar de mulher? Então mostre como somos machistas e o porquê somos. Precisamos primeiro nos reconhecer para poder cobrar do outro. Será que cada puta desse cabaré se vê empoderada? Se sim, porque tem privilégios os clientes MACHOS? O estereótipo do qual me falastes realmente me faz rir. Mas por que a menina do nordeste tem que ser puta e a mais “inexperiente” com pica?
MADALENA: Tu não entende, te dou meu corpo ali exposto! Tu não me ouves!
ELA: Querida! Não chore, pois da ultima vez você chorou e não me convenceu de tuas dores. E quanto a expor teu corpo, continuo dizendo que é tudo pela metade. Teus seios me entediam, quem me encanta mesmo é o Levi com seu corpo todo nu. Fique com seu figurino de puta, pois esse sim muito mais me encanta, afinal nas cenas de sexo estavas vestida, logo não vejo a necessidade de tirar a roupa em outro momento.
MADALENA: Só posso dizer que tudo que fiz foi para te dar prazer! Para finalizar, quero que saibas que essa conversa foi de mulher para mulher. É meu presente pra ti...
ELA: Vamos falar de presentear: tu presenteias apenas algumas com abraços. Fiquei ali sentada, como se já não bastasse todo teu discurso repetitivo, eu e algumas outras não fomos reconhecidas através do abraço como putas... pois as outras duas que estavam sentadas do meu lado também não foram abraçadas... Vá visitar outros cabarés, encontre por ai outras putas (dessas que são chamadas loucas por lutarem por seus direitos), treine para melhor satisfazer seus clientes, pois os mesmos continuam na linha rasa do discurso das novelas.
Conversa entre puta não é para sair no tapa, é para ser com classe onde cada uma aponta o que lhe dá prazer. MADALENA saiu chorando e rindo, estava emocionada. Já ELA saiu pronta para curtir a noite, sentar na mesa do bar e ouvir quem realmente senti a dor do que é ser PUTA  e não boneca inflável.
... Teus clientes ainda estão sedentos...  
Geane Oliveira
16 de Outubro de 2016

Outras Madalenas – Por Edson Fernando

Edson Fernando ator e diretor teatral, professor da Escola de Teatro e Dança da UFPA, Coordenador do Projeto TRIBUNA DO CRETINO. 
Existem personalidades que se firmaram no imaginário popular de tal modo que se transformaram em ícones de virtude, vício elevação ou degradação moral. Embora carreguem uma complexa rede de acontecimentos em torno de sua pessoa, uma interpretação, por vezes imprecisa e controversa, acaba se consolidando como a versão convencionalmente aceita e estabelecida socialmente. Maria Madalena, a personagem bíblica mencionada nos Evangelhos canônicos de João, Marcos e Lucas, certamente habita no hall dessas personalidades e desperta curiosidade e interesse por sua proximidade com a figura de Jesus.
Apesar da exegese da tradição cristã reserva-lhe um lugar de honra e considerar um equívoco identificá-la como prostituta, o imaginário popular costuma associar sua imagem a mulher pecadora, adúltera e que foi exorcizada pelo próprio filho de deus que lhe expulsou sete demônios. Os evangelhos apócrifos – dentre eles o próprio Evangelho de Maria Madalena – e a obra de David Brow intitulada “O Código Da Vinci”, publicada em 2003 e inspirada nos evangelhos apócrifos, embora não corroborem com a versão da Madalena prostituta, reforçam uma imagem bem diferente do que o cristianismo postula e aceita canonicamente. Neles encontramos Madalena como uma liderança a frente dos apóstolos, a mulher em quem Jesus deposita total confiança, a ponto de só a ela revelar alguns ensinamentos secretos. Esse aspecto é curioso e importante, pois inverte a lógica patriarcal que se encontra na bíblia canônica e na própria fundação da igreja cristão, colocando uma mulher a frente de todos os doze apóstolos de Jesus.
Observo que a montagem teatral Casa das Madalenas, de algum modo, transita e flerta com estas três imagens criadas em torno da personagem bíblica – seja a canônica ou a dos apócrifos – gerando uma expectativa desnecessária em torno do trabalho muito bem produzido pelo Grupo de Teatro Universitário – GTU.
O primeiro fator a se destacar é a escolha pelo caráter melodramático na encenação da narrativa. Considerando que o melodrama é o gênero que encontra maior eco junto ao espectador quando trabalhado na perspectiva ilusionista do palco italiano, a opção pela relação palco-plateia da montagem ao colocar os espectadores dentro do cabaré, numa espécie de arena espelhada de atuação – espectadores dispostos nas duas extremidades do teatro, separados pelo palco ao centro – fragiliza a própria natureza da narrativa, pois não consegue preservar a distância necessária para aflorar o envolvimento emocional dos espectadores – coração do melodrama – e nem consegue quebrar de fato a “quarta parede” na medida em que só ocasionalmente os espectadores são considerados parte ativa da encenação – em boa parte da narrativa continuamos assistindo pelo buraco da fechadura.
Em conseqüência desse desajuste no formato da encenação, sou levado a conhecer Madalenas com vários traços característicos do melodramático: a prostituta apresentada como vítima, em oposição ao caráter maligno do Cafetão, do Barão e do filho do Barão garantindo, assim, o típico antagonismo entre bons e maus, traços estes que associo, por aproximação, a visão cristianizada de Maria Madalena, aquela que se arrepende de seus pecados e se converte às virtudes morais cristãs. Não obstante, deposita-se nestas mesmas Madalenas melodramáticas-cristãs a esperança de que sejam vistas como modelos de força e luta, características que associo, por aproximação, a visão de Madalena como liderança feminina que consta nos apócrifos. Considero que é uma equação que não se adequada – seja pela forma, seja pelo conteúdo.
O flerte com a sexualidade – misto de sedução e seminudez – reforça ainda mais o caráter de Madalena arrependida. Temos um elenco predominantemente feminino em cena, cujas genitálias foram interditadas. A nudez dos seios, neste sentido, ao invés de indicar desprendimento moral, entrega e comprometimento com o universo da sexualidade explicita das prostitutas, acaba por se transformar em índice de pudor e comedimento, censura moral de ordem cristã que tanto persegue e tolhi as mulheres. O corpo da mulher só a ela pertence, e ela deve fazer o que bem entender com ele. Então, se a encenação arrola o jogo da nudez para a montagem, qual o motivo de não assumi-lo plenamente para os corpos femininos? A virgem Madalena da montagem ao se entregar aos prazeres sexuais pela primeira vez sem despir-se de sua calcinha, sela o pacto com a cristandade apresentando-se tal como a virgem Maria que concebe um filho sem ter perdido a própria virgindade.    
O empoderamento do corpo feminino frente a um corpo docilizado e pudico me parece ser questão fundamental que ainda não foi resolvido na montagem, pois depende exclusivamente do posicionamento pessoal de cada atuante. A arte atravessa a dimensão existencial dos atuantes e cobra o seu preço.
A situação se agrava quando a montagem assume o desejo de discutir pautas sociais voltadas à igualdade de gênero, pois a estrutura melodramática da encenação me arremessa sempre para uma espécie de “catarse social” que compromete ou desestimula qualquer tipo de reflexão crítica de minha parte (cf. PAVIS, 200, p.239). Acredito que sem esta pretensão, a montagem possa se dedicar e aprimorar o que ela tem de melhor: entretenimento. Como disse antes, a montagem é bem produzida, conta com uma excelente banda ao vivo, um elenco vigoroso e afinado entre si e com uma estrutura dramatúrgica que permite bons momentos de descontração e divertimento. É bastante coisa para um grupo cuja maioria dos participantes encontra-se no início de suas experiências teatrais na cidade.
Bertolt Brecht fez questão de afirmar que teatro antes de qualquer coisa é divertimento. Ele se questionou tentando encontrar o tipo de divertimento que considerava ser adequado para o seu tempo. Observo com preocupação que atualmente as demandas e pautas sociais, cada vez mais, colocam em segundo plano os elementos formais da linguagem teatral. Uma espécie de ditadura do conteúdo, em detrimento da forma, levando o teatro a beira do panfletarismo ideológico. O teatro se tornando ferramenta, instrumento a serviço de uma demanda social. Por mais justa que seja a demanda social, o teatro não pode se deixar diminuir dessa forma. Mais arte, menos ideologia.
Felizmente esta pecha não pode ser infligida à Casa das Madalenas que encontra seu vigor no divertimento leve e bem produzido. Acredito que seja necessário, no entanto, se descomprometer com causas sociais que a montagem, por sua natureza melodramática, não dá conta. Talvez, deixando de lado este peso social pela discussão da igualdade de gênero, a montagem consiga repercutir mais e melhor, exatamente este tema.
Aceito um drink, mas exijo que o programa seja completo.     
Edson Fernando

15 de Outubro de 2016.

sábado, 15 de outubro de 2016

Madalena SEM orgasmo – Por Paula Barros.

Paula Barros, Graduanda de Licenciatura em Teatro UFPA, bolsista PIBEX 2016 pelo projeto TRIBUNA DO CRETINO.
Quando desejo sexo, desejo corpos nus, mãos que deslizam e acariciam meu pescoço... seios... barriga... essas mãos aos poucos vão descobrindo o que fazer com o calor dessa pele frenética de desejo, causando arrepios e murmúrios ao pé do ouvido. Desejo línguas que transam numa possibilidade infinita de beijos, que passam a desvendar o salgado da pele de cima... abaixo, beijo que se precisa desbeijar para recuperar o ar, mas que não perde a oportunidade de continuar beijando meu corpo.
Quando desejo sexo, desejo olhares de cumplicidade e paixão. Mas, sexo tem que ter perversão, aquela saliente que pega gostoso pela nuca e prende teu cabelo nos dedos no momento menos oportuno, que te aperta sobre o sexo já eriçado de desejo, então começam os beijos, as mãos, línguas, carícias e já domina teu corpo.
Quando desejo sexo, também desejo amor, aquele onde não precisa tocar teu corpo pra sentir prazer, aquele que a troca de olhares já te despe, aquele onde o beijo é bitoquinha dando vontade de mais, aquele onde o sexo são dois corpos que se penetram com toques de ponta de dedos e olhares que são suficientes para te penetrar até a alma, te deixa num estado de prazer e felicidade que não consegues conter o corpo, parece que vai explodir para fora do teu peito feito fogos de artifício de tanta felicidade.
Quando estou fazendo sexo revelo meu lado encantador e o mais obscuro, rompo com meus muros, aqueles que me vestem de moralidade cristã onde “o silêncio é a ordem de obediência e servidão”, aquele que aprendi desde pequena que lugar de mulher era em casa cuidando dos filhos e esperando o marido com o jantar pronto – não sei por que diabos que nunca de verdade aceitei isso.
Quando estou fazendo sexo me revelo mundana, nada puritana, e gosto de ser assim. Quando estou fazendo sexo não tem família, pudor, moral, não tem roupa, somos só nós revelando quão profano e maravilhoso é o ser humano.
 Sexo tem que ter tentação, pode tirar, pode exibir... isso pode... também pode... por que pode, tudo pode? PODE desde que seja de comum acordo. Pode Madalenas o Teatro já dizem por aí que é perversão, então o porquê de não se deixar perverter?. Me parece que Madalena queria me representar, me fazer enxergar, me fazer desejar, sentir...AAAHHH! MADALENAS! EU QUERIA MESMO É GOZAR!
Eu queria todo esse sexo que te revelei, o do amor, da paixão, da cumplicidade, selamos um acordo, lembra? “– O que acontece na casa das Madalenas fica na casa das madalenas.” Não precisava lembrar que o mundo é machista, que o falo é símbolo de poder e não de prazer, que as pessoas são preconceituosas a respeito de gostos dito “duvidosos” sobre homem com homem e mulher com mulher... Ahhhh Madalenas, mulheres lindas que devem saber que PODEM! Afinal, somos mulheres, nós dominamos com as pernas, prendemos com a bunda e até matamos com um simples olhar, nós podemos porque simplesmente queremos.
Sou mulher e gosto de sexo, de orgasmo, de gozar e ver gozarem, gosto da vida e do modo que sou, gosto de sapatos, bolsas, roupas, de sair, de sentir prazer, de ser mulher, de representar e de muitas outras coisas para descobrir e gosto de ser descoberta. Me descobre Madalena! Me rompe!, Me seduz! Mas não me mostra coisas que estou cansada de ver, como mulher sou todo dia assediada, como mulher vejo muitas morrerem de amor, ódio, violência.
Madalena! Me indaga, me pergunta o quero, como quero, se quero. Me mostra todas as possibilidades que não conheço ou não tenho pelo simples fato de ser mulher, Madalenas vamos juntas descobrir o que é ter um orgasmo!.
Paula Barros

15 de Outubro.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O Tempo da Memória – Por Paula Barros.

Paula Barros: Graduanda de Licenciatura em Teatro/UFPA, Bolsista PIBEX 2016 pelo projeto TRIBUNA DO CRETINO.

“A memória costuma deixar partes para trás”
(1992, Paraíso Perdido)

Em meio ao mundo informatizado e midiático em que vivemos há um espaço ou quem sabe posso dizer um “HD de memória” que nosso cérebro de alguma forma persiste em conservar. No entanto, mão nos damos conta até sentirmos um cheiro que nos marcou, ver uma fotografia que há tempos estava guardada ou quem sabe ir a um lugar que foi especial.
  Há muitas maneiras de lembrar e é de modo tecnológico e informatizado que me atravessam as recordações de um tempo em que a vida tinha cheiro de mato molhado, som de grilo, rio que transbordava... de um tempo onde tudo era simplicidade.
Brincar na rua era a atividade preferida das crianças moradoras da Alameda Gonçalves. Sempre fui a mais arteira da turma, então, certa vez numa jogada de “cemitério” ou como também chamam “queimada” – jogo onde os participantes dividem-se em dois grupos, cada um de uma lado da quadra; o jogo se estabelece na tentativa de “matar” o adversário acertando-o com uma bolada em qualquer parte do corpo; quando isso ocorre se leva o “morto” a até o funda da quadra adversária, espaço conhecido como “cemitério”; ganha o time que estiver com mais jogadores no seu lado da quadra ao final – começamos dividindo os times, seis para cada lado; ao começar a brincadeira, exibida que eu era, me joguei na frente da bola sendo a primeira a morrer e ao chegar no “cemitério”, na tentativa de pegar a bola com combina, me agachei de um modo como se fosse fazer cambalhota, com as mãos entre as pernas, para a bola bater na minha bunda e, acreditem, cai de testa no chão, ficando com uma ferida horrorosa que acabou me dando de presente um corte de cabelo como “partinha”, o que marcou todas as fotos no meu aniversário de sete anos. Constrangedor.
A alameda se localiza na D. Romualdo de Seixas, mas naquele tempo de infância em que eu morava por lá, a Baía do Guajará chegava a banhar a rua e o que encontrávamos era mato e palafitas – construções sobre estacas em terrenos alagadiços. Eram tempos em que os grilos após um “toró” apareciam para cricrilar e nós, crianças arteiras, saíamos para caçar. Parecia que todas as noites eram de lua cheia, com vento soprando diretor do rio para secar nosso suor depois da brincadeira.  
E, então, o círio! Ahhh! O círio era bem melhor com toda a vizinhança, cheiro de maniçoba da vovó que já estava fervendo desde o início de outubro, o bolo de chocolate da tia Izaura e a confraternização das famílias após uma caminhada que saia da D. Romualdo de Seixas, passava pelo Doca de Souza Franco até a esquina da Travessa Quintino com a Avenida Nazaré, para ver a passagem da santa.
Nada mudou, ou na verdade tudo mudou, porque o tempo passou – passou para mim e para aquelas crianças –, mas a rua é a mesma. Porém, com transformações espaciais que o tempo e as mãos do homem se encarregam de criar. A rua está lá e continua a memória recordar... outras músicas escutar... ver gente passar... porém aquelas crianças ali não vão brincar.
Tempos que passam e repassam. A cada recordação um novo presente. A cada rua uma memória esquecida. A minha não é igual a tua. A rua é o espaço onde estão todas as memórias e ao mesmo tempo nenhuma.
Lembranças acionadas pelo Reator Eterno: O rio submerso vai transbordar. Então, que transborde nossas memórias lavando nossa vida e desintoxicando esse mundo sujo e corrupto. Transborda rio, transborda rio, transborda e lava o mundo!
Paula Barros
09 de Outubro   

FICHA TÉCNICA:
Projeto Reator Eterno: Instalações das Lembranças
Passeio das lembranças (performances): “O rio submerso” e “O trilho Inverso”

Direção e Coordenação Geral:
Nando Lima

Performers:
Pedro Olaia, Dudu Lobato, Wan Aleixo, Bernard Freire Nando Lima e Vandileia Foro

Entrevistas:
Pedro Olaia

Câmera e Fotos:
Dudu Lobato

Trilha Sonora:
Armando Mendonça

Roteiro da Performance:
Nando Lima e Pedro Olaia

Designer Gráfico:
Wam Aleixo

Textos Site / Blog / Imprensa
Bernard Freire

Expografia:
Nando Lima

Instalação e Montagem:
Pedro Olaia, Dudu Lobato, Wan Aleixo, Bernard Freire e Nando Lima

Figurino:
Telma Lima

Edição de Vídeo:
Nando Lima

Montagem de Iluminação:
Nelson Dantas

Recepção:
Wan Aleixo e Bernard Freire

Produção e realização:
Estúdio REATOR

Agradecimentos aos moradores dos bairros de São Brás e Fátima e
Abílio Franco

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O Divino High Touche – Por Silvia Luz

Silvia Luz: Mestre em Artes pelo PPGArstes – ICA/UFPA, Participante do projeto de extensão TRIBUNA DO CRETINO.

Quem é ela? Quem é ele? Quem são eles?
Ei psiu! Ouviu? Sr. Vírus?
– Oi. Eu Tb ouvi.
Será uma tacacazeira do Ver-O-Peso? O que trás em sua sacola plástica? Cuia, panos, tucupi, afetos, bugigangas...
 – Calma, apenas espia.
Veja!!! Anda como um Robô, mas tem curvas da Mão d’água. Opssss... Hermafrodita, ora homem, ora mulher.
– Não queira entender, veja, sinta e faça silêncio.
Hum, hum... Parece coisa de doido prefiro ver as coisas pelo you tube, lá posso dá pause qd eu quiser, enfim... Olho vidrado e de repente surge um Ser avesso àquele que pensei ter as curvas da Mãe D’água e que agora num momento frakstônico vira o Falcão.
– Quem? O cantor de brega?
Esse mesmo. Fiquei resetado. É isso mesmo? Ou editaram a imagem ou foi photoshop?
 – Apenas olhe e me deixe trabalhar.
Hum, hum, ta parecendo história de assombração, to até abestalhado, um cara que é mulher e de repente é cara de novo... ai ai ai, isso é caso de formatação, fala sério!
– Fala demais, fica quieto. Assim não vou conseguir invadir o sistema e roubar todos os dados da memória. Tô tentando, mas dá pra avançar (>> >>) a cena, pois essa não dá pra entender nada, minha placa mãe tá com problema.
– Ok.
............ aí, aí, essa cena dessa senhora deve ser maneira, vai vai dá play, mas antes salva no One drive.      
Para escrever fui editar as imagens do meu HD e infelizmente uma ficaram tatuadas em minhas retinas e outras em minha pele, algumas nem lembrei, mas... vamos lá. O mundo anda mais preocupado com quem tem o melhor High Tech, mas confesso que às vezes sou tecnofóbica, mas enfrentei e o que eu vi, me fez ganhar anos luz de memória e, de brinde aflorou meu High Touch.
High Touch para quem nunca ouviu falar, quer dizer a alta tecnologia do toque, do afeto, do carinho, ou seja, da humanidade. Ela sim nos toca verdadeiramente, não é fria como uma máquina que reage aos nossos estímulos por pura programação. A naturalidade da atuação de Sandra Perlim e Maurício Franco foi um high touch de infinitos gigas bytes para convosco. Isso no momento atual é tecnologia humana, pois, por diversos motivos, falta de tempo, copiar e colar..., o uso excessivo de tecnologias nos afasta disso, muitas vezes sem nos percebermos. Sr Vírus ainda está aí?
 – Fala baixo, estou. E aí?
Dá um pause rapidinho.
 – Positivo.
Vou chamar o personagem de Sandra Perlim de Software e o de Maurício Conexão Underground. Quanto maior for a performance dos dois, maior o resultado Criptografado por Chave Pública.  
Uma breve descrição dos personagens:
Software – possui uma vasta linha de máquinas de alta performance para atender às mais diferentes necessidades. Todas com controle de qualidade e o expertise High Touch (alto conhecimento em afetividade) é uma linha de trocadores de calor e afeto que atende vários segmentos humanizados como pessoas mecanicamente separadas.
Conexão Underground – é o melhor da linha e é líder de mercado, atingindo cerca de 90% de todas as máquinas humanas do Brasil. Por isso que Conexão hoje é sinônimo de desconstruções mecânicas.
Depois de sabermos o potencial de cada personagem, segue a edição.
Tenha calma, preciso de mais tempo para devastar o processador onde todas as informações são processadas, mas só o processador sozinho não resolve nada, para que funcione, ele também depende de todos os outros itens como a placa mãe, a memória, a fonte que fornece energia, o HD. Enfim... Conta mais do que viu hoje, pois preciso de mais tempo.
A peça me fez refletir sobre a ligação entre fatores tecnológicos e pontos de mutação do ser humano, ao longo do percurso “involutivo” do ser humano.  Há uma linha tênue entre o grotesco e o sublime, a ação animalesca e fria do personagem Conexão Underground nos eleva a descoberta de que a melhor tecnologia ainda é a humana, sem deletar, sem copiar, sem formatar, apenas Ser, mas isso só foi possível por causa da qualidade tecnologia do Software de última geração.
O que presenciei sugere uma reflexão acerca do comportamento social do ser humano e o modo como este se relaciona com seu homem-animal-máquina. O antagonismo existente nas próprias ações dos atores, a música que despluga e pluga, a luz que invade e retrai, assusta e acalenta, constrói e desconstrói. O divino Hitgt tech nos revela que a melhor tecnologia somos nós, pois nós ditamos a ordem, a tecnologia high tech é obsoleta diante de nossa tecnologia higt touch.
O banhar-se de corpo e alma, de fora para dentro nos fazendo esquecer a nudez da carne e desvelando as entranhas, antes escondidas pelos preconceitos dos olhos cegos diante da parafernália criada pela tecnologia. Não necessitamos de roupa, de tablets, celulares, plugs, computadores, sem primeiramente sabermos o que vive por trás disso tudo. Nós ligamos e desligamos o botão desse high tech todo. Hoje me mantive sem bateria por pelo menos 50 minutos.
Software... a louca que guarda o segredo da tecnologia, sentada num banco de plástico e despida de tudo que possa formatar o ser humano, foge alucinada e feliz pelo portal cibernético e se depara com pequenos humanóides em fase de protótipos ainda, desesperados com a alta performance de Software, arregalam seus olhos e se escondem atrás dos muros invisíveis de seus preconceitos e pudores.
Conexão corre em busca de Software para que não seja atingida por vírus devastadores. Depois desse contato, Software evolui para o estágio total, virou uma Entidade ................. Humana.
­Impressionante. Estou tentando invadir o sistema e nada. Quem é você?
Sou o antimalwares.

Silvia Luz

06 de Outubro de 2016

domingo, 2 de outubro de 2016

Que assim seja: Teimosice e Teimosia - Por Edson Fernando

Autor: Edson Fernando, ator e diretor teatral, coordenador do projeto de extensão TRIBUNA DO CRETINO. 
Eram irmãs gêmeas, Deusas dos tempos imemoriais. Teimosice e Teimosia. Os antigos contam que foram geradas por um ato de impertinência do Vento Norte: o Deus eólico cansado de seguir sempre para as mesmas zonas de convergência, distantes e frias dos confins da terra, resolve mudar o próprio curso em movimento. O ato inadvertido lhe arremessa em direção ao Vulcão Isadora, de quem rouba um arrebatador beijo que se prolonga até a erupção da cópula fatal, expulsando imediatamente de suas entranhas as gêmeas Deusas que são lançadas aos céus ainda protegidas pela placenta flamejante da mãe. Companheiras inseparáveis crescem pregando troças e peraltices entre deuses e humanos...
O sussurro chistoso anuncia sua chegada. Caminhar altivo e vaidoso; berros ruidosos e zombeteiros. Travestida de humano, Teimosia orna seu próprio templo com as sobras de uma civilização que parece consumir os últimos vestígios de sensatez da espécie. Diante da gigantesca sombra de si, a Deusa parece renunciar aos privilégios de deidade buscando no invólucro da carne o refúgio para escapar à soberba e empáfia natural dos seres divinos. Busca no homem rude o contraponto de sua figura divina. A Deusa que se faz homem, teimando com sua própria natureza...          
Ela chega cansada. Passos curtos, fracos, quase cambaleantes. Se reencontram naquele templo improvisado. Teimosice ostenta sua face de Deusa marota, travessa e docemente teimosa. De caráter mais subversivo – assim como o pai – se recusa a ceder aos caprichos indecoros de Chronos. Teima em não ser devorada pelo deus corrosivo e galanteador. Embora ostente com orgulho as marcas deixadas na pele, zomba de Chronos e para irritá-lo ainda mais, nutri paixão indelével por Kairós. Em suas teimosias dos tempos de infância finge tudo esquecer, para que tudo possa ser vivido novamente na potencia de um acontecimento primeiro, inaugural, incipiente. É seu modo de cortejar Kairós, de nele buscar a eternidade de um momento presente que nunca se repetirá jamais...
O encontro furtivo é o álibi para o pacto de teimosias. As gêmeas Deusas reforçam os laços de cumplicidade acatando reciprocamente os artifícios engendrados com tenacidade e perspicácia por ambas. Teimosia, a Deusa, serve como humana, trabalha como serviçal de Teimosice, a Deusa que vive a descoberta de cada pequeno acontecimento como se fosse a primeira vez...
Os gestos simples foram esquecidos. O simples caminhar se tornou tarefa quase impossível sem ajuda da serva-Deusa que agora lhe presta toda assistência. Os membros e articulações não respondem imediatamente, é necessária a manipulação cuidadosa de cada parte do corpo da Deusa que vai sendo despida lentamente. Aos poucos vai se revelando a inteireza de sua divindade, desprovida de qualquer veste, artefato ou penduricalho simbólico. Sua pele, incessantemente cortejada por Chronos, é o único manto que lhe protege. É neste momento que desdenha em plenitude do indecoroso Deus galanteador para, então, declarar com todo furor e inocência seu amor por Kairós: Nua, a Deusa entrega-se ao deleite do banho, como se o contato da água vindo da cuia, purificasse o corpo pela primeira vez; o afago nos cabelos para passar shampoo, a bucha que percorre o corpo inteiro, tudo é recebido com um misto de prazer e estranhamento, próprios de uma descoberta inusitada com o próprio corpo; mas também há a queda, o contato da costa nua com o chão duro, a descoberta da falha, do erro presente na própria divindade, rompendo o mito da perfeição; a descoberta do prazer do texto, do prazer da leitura que explode em êxtase e impulsiona a Deusa nua ao compartilhamento da sabedoria – é neste momento que ela me permite conhecer seu nome grafado no livro sagrado...
Tomada pelo êxtase de cada acontecimento pleno que se permite viver naqueles instantes, Teimosice, ainda nua, não se contem e vai ao encontro do pai porta afora. É o momento mais sublime de sua experiência, correndo de braços abertos, sorriso largo na face sentindo o pai afagar-lhe o rosto num gesto de carinho sem precedentes. A nudez pública da Deusa, no entanto, choca os humanos que por ali transitam, desacostumados que estão com a própria nudez e com manifestação epifânica dessa ordem; infelizmente esqueceram que as divindades também têm sexo, que também amam e que também falham; o costume da castidade estéril dos deuses impondo censuras morais, equivocadas e estúpidas. Percebendo que os deuses sofreram uma espécie de assepsia moral pelos humanos, Teimosia vai ao encontro da irmã resgatando-lhe de volta ao templo, antes que algo pior pudesse ocorrer...
É hora de partir. O pacto de teimosias estabelecido entre as Deusas gêmeas devolve-lhes para o plano das deidades. A dialética do pacto, no entanto, não deixará que ambas passem impunes. É preciso avaliar o quanto de humanidade Teimosia realmente carrega em si, o quanto deseja carregar e o quanto de soberba, empáfia e estupidez já estão intimamente impregnados na natureza humana. O cálculo humanidade-divindade em harmonia e equilíbrio parece cada vez mais delicado e inalcançável. Seu regresso, portanto, é preocupante.
Teimosice regressa paramentada, assume a figura icônica da deidade que merece todo respeito e adoração. Ruma em sentido diverso da irmã, mas talvez com a mesma preocupação: teriam os deuses esquecido que foram eles que criaram os humanos ou os humanos esquecido que criaram os deuses?
Edson Fernando

02 de Outubro de 2016

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