quinta-feira, 28 de abril de 2016

Quando a realidade é dura demais... - Por Ana Luiza Aragão

Ana Luiza Aragão: Graduanda em Licenciatura em Teatro; Bolsista PROINT 2016 pelo Projeto de Extensão TRIBUNA DO CRETINO.  

            Num dia, em meio a minha realidade urbana, cheia de juízes com discursos digitados longos e de atitude frágil, resolvi buscar maneiras para deixar essa realidade um pouco de lado e fui adentrando em um quintal de solo fértil e de atitude concreta; lugar de encontros, que une, reúne e agrega; domus de sonhos, de pessoas e de bonecos; caminho que se liga a outras ocas. Aos poucos me desligo da realidade asfáltica e gradeada, e vou me deparando com as palavras que saem do corpo de três meninos –  súditos de uma Rainha que se alimenta de histórias que passam a ser meu alimento.
          A recepção da rainha é preparada por um de seus súditos, que logo estabelece um jogo com o público, esse diálogo se mantem durante todo o espetáculo, trazendo o espectador para fazer parte da cena. Mergulho na poesia, na musicalidade, no “faz de conta” do universo imaginário das histórias de Dom Quixote – O cavaleiro da Triste Figura – e como ele, também enfrento gigantes, imagino Dulcinéia, e preencho-me de coragem. Emociono-me com o Homem de Lata, que procura seu coração, ele quer amar e assim vou amando cada vez mais essa minha nova realidade, mas, tudo que não quero ali é ser capturada peloVelho do Saco. A Rainha que no início havia chegado com toda pompa e com o “saco do maravilhamento” agora adormeceu. Os três súditos curiosos para saber o que tem dentro daquele saco, vão aos poucos o tirando das mãos da Rainha, que em pose do “saco do maravilhamento” se deliciam com o que vão encontrando. Ao acordar não é mais aquela rainha que dá ordens, é agora uma menina, que brinca e ouve histórias.

         O espetáculo La Fábula, da Cia de Teatro Madalenas é um estimulo a imaginação, é um convite pra um reino mágico das cotações de histórias.
Ana Luiza Aração
28 de Abril de 2016 

Um comentário:

  1. Fiquei feliz ao ler o relato acima, especialmente porque pude ver de forma clara as cenas de um espetáculo que vejo de "dentro". Que bom saber que o público foi transportado para outras realidades...

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