Credenciais do Autor: Graduando em Licenciatura em Teatro – UFPA.
Os alunos do primeiro ano do Curso Técnico em Ator
da Escola de Teatro e Dança da UFPA, apresentaram no encerramento da disciplina
Técnicas Corporais I e Voz e Dicção I o exercício dramático da obra indutora:
“Toda nudez será castigada” de Nelson Rodrigues com a temática “Falo de
Genis” com a direção do Prof. Msc, Edson Fernando e Marton Maués.
Penúria, arena em forma de quadrado lembrando um quarto, atores
distribuídos ao redor, clima de suspense paira sobre os espectadores, com a
ruptura do tom sepulcral no primeiro acorde de “Geni e o Zepelin” de Chico
Buarque de Holanda. Gritos, sussurros audaciosos, dão ao público uma
“palinha” do que está por vir. São Genis tristes, putas, sexualizadas,
vingativas e marginalizadas pelas pedras dos tabus jogados pelas mãos que se
escondem.
A minoria das interpretações foram mal executadas, mas isso é
apenas um detalhe, haja vista que era o primeiro exercício dos atores e o
nervosismo é inerente.
O teatro do desagradável estava exposto na frente do expectador, fumaças
de cigarro, terços que sensualiza pelo corpo, vinho jogado no chão, nos atores
e na platéia. Ligados pela Nudez – Nudez esta castigada pelos burburinhos do
público presente. A temática da apresentação não fugiu em nada do texto escrito
há 50 anos por Nelson, Toda nudez será castigada
mostrando-nos esse contexto da vida, que todos nós tentamos esconder, jogadas
de uma forma desagradável para quem presencia as cenas.
A prostituta Geni é o enfoque da temática. Coragem exacerbada, essa é a
palavra para definir as cenas, “dar a cara a tapa,” para as críticas
posteriores, coragem da nudez, das mordidas pelo corpo, do toque na genitália e
da exposição de cada ator com essa teatralidade sem julgamentos e pudores, que
quebra qualquer tipo de conceitos sobre o certo e errado. Acredito que o ponto
baixo da apresentação são os objetos das cenas, (vinho, terço e cigarro) todos
praticamente propuseram este artifício para fazer a cena.
O texto dito na íntegra só vem somar com a teatralidade de Nelson
Rodrigues, que nos mostra de forma simples e mitológica, esses tabus impostos
pela religião de outrora... Outrora? Não! Em pleno ano de 2015 essas barreiras
de pudores estão intrínsecos na maioria da sociedade. Quem presenciou “Falo de
Genis” saiu da sala com um exemplo de libertação literária, teatral e,
sobretudo da vida como ela é.
03.05.2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário