Montagem Teatral: O grande dia qualquer.
Montagem: Grupo de Teatro Universitário
(GTU NOITE)
Autor da crítica: Murillo Ferreira –
Ator, graduando em Licenciatura em Teatro.
O relógio quebrou ás
19:30h, criando uma mudança dramática nos métodos de mensuração do tempo, nos
processos contínuos, as variáveis repetições de processos oscilantes, igualmente
como o balanço de um pêndulo. A luz da minha cadeira acende, as peças estão
espalhadas, tenho um conjunto de dezenove ferramentas ao meu alcance: ajustador
de bracelete em metal + buchas soltas, suporte de bracelete, caneta barra /
mola para remover e substituir pinos de mola do bracelete de relógio, cinco chaves
de fenda com blet plana, sete chaves de fenda, abridor de tampa para soltar a
placa traseira do relógio, universal de dois pontos, abridor da caixa do
relógio parafusado, pinça de relógio e um martelo de relógio.
Organizo o processo de montagem do relógio ou
o meu próprio tempo? Entre movimentos de um corpo suspenso, movimentos intermitentes
em sentidos opostos (no sentindo figurado é o envolvimento de incerteza entre
duas propostas). Abro a tampa, encontro peças que repetem várias vezes o mesmo
movimento, deixando de ser constante entre cada recapitulação; preso ao
oscilador há um maquinismo intermediador que não conduz essa engrenagem, peças
enferrujadas pela fricção. Fecho a tampa, dou umas batidinhas e os pulsos
voltam como se fosse algum tipo de contador para demonstrar o tempo em unidades
pertinentes, frequentemente segundos, minutos e horas. Pois bem, os processos não exibem o desfecho inteligível.
Olho para o relógio – 20h,
como o tempo passa de vagar. O mais rápido que pude tentei compreender outra
vez a função de cada ferramenta, tirei peça por peça, limpei com o maior
cuidado para montar e engrenar novamente. Às 20:30h ajusto os ponteiros... TIC...
TAC, estagnou, corro contra o tempo para desmontar o relógio, como um
relojoeiro principiante, tento me focar nas variações das peças, busco ouvir o
som do pulsar de um dos ponteiros, mas só me vem gritos e desespero como se seguissem
a dizer: é a minha hora e não a sua. Anulo, saio em busca dos mecanismos, desde
as ampulhetas do século XV até as do século XXI, no relógio atômico. Será que preciso
ter outras peças ou funções, como: ajuste, balanço, bezel, calibre, cronômetro,
válvula de escape de hélio. Não. Já sei: a corda principal ou movimento de
corda manual, mais rápido... mais rápido... mais rápido... engrenou.
Ás 20:57h, meu corpo
engrenou nesse tempo e espaço onde só faço, o mais rápido possível, compreender
outra vez a função de cada ferramenta, tirar peça por peça, limpar com maior
cuidado para montar e engrenar novamente. Como todas as coisas que me cercam eu
nasço, cresço, sou sistematizado analogicamente no tempo, no TIC TAC; eu
solfejo ou engreno e, no derradeiro dia, PARO.
TIC... TAC... TIC...
TAC... TIC... TAC... Não entendo! Perdi alguma peça, uma ferramenta, o tempo? Não, foi apenas falta de graxa.
16 de dezembro de 2017.
16 de dezembro de 2017.
Ficha
Técnica:
Montagem
Teatral:
O
grande dia qualquer.
Grupo de Teatro Universitário (GTU
NOITE)
Elenco:
Adriane Henderson, Costa Junior,
Carolina Monteiro, Dalila Costa, Fellipe Sena, Igor Moura, Ibsen Caio, Ivany
Palheta, José Neto, Karol Ferreira, Lane Amorim, Luan Calderone, Mardox Maia,
Matheus Folha, Natalia Aprigio, Rose Mendes, Ronaldo Santos, Thiago Oliveira e
YsamyCharchar.
Dramaturgia:
Alana Lima e Lucas Serejo.
Direção:
Rhero Lopes e Paulo Jaime.
Assistente
de Direção:
Luiza Imbiriba.
Arte,
Iluminação e Cenografia:
Manuela Ferraz.
Assistente
de cenografia:
Madu Santos.
Preparador
Corporal e Coreógrafo:
Natan Magno.
Preparador
de Elenco:
Paulo César.
Músico,
Compositor e Preparação Vocal:
Arthur da Silva.
Assessoria
de Imprensa e Fotografia:
Allyster Fagundes.
Assessoria
de Comunicação:
Igor Moura e Allyster Fagundes.
Produção:
Rhero Lopes, Paulo Jaime e Luiza
Imbiriba.
Figurino
e Maquiagem:
Ana Luz Marinho e Mayla Serrão
(Equipe Ateliê Galeria).
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