sábado, 16 de dezembro de 2017

Tic Tac: A Hesitação do Relógio – Por Murillo Olegario

Montagem Teatral: O grande dia qualquer.
Montagem: Grupo de Teatro Universitário (GTU NOITE)
Autor da crítica: Murillo Ferreira – Ator, graduando em Licenciatura em Teatro.
O relógio quebrou ás 19:30h, criando uma mudança dramática nos métodos de mensuração do tempo, nos processos contínuos, as variáveis repetições de processos oscilantes, igualmente como o balanço de um pêndulo. A luz da minha cadeira acende, as peças estão espalhadas, tenho um conjunto de dezenove ferramentas ao meu alcance: ajustador de bracelete em metal + buchas soltas, suporte de bracelete, caneta barra / mola para remover e substituir pinos de mola do bracelete de relógio, cinco chaves de fenda com blet plana, sete chaves de fenda, abridor de tampa para soltar a placa traseira do relógio, universal de dois pontos, abridor da caixa do relógio parafusado, pinça de relógio e um martelo de relógio.
 Organizo o processo de montagem do relógio ou o meu próprio tempo? Entre movimentos de um corpo suspenso, movimentos intermitentes em sentidos opostos (no sentindo figurado é o envolvimento de incerteza entre duas propostas). Abro a tampa, encontro peças que repetem várias vezes o mesmo movimento, deixando de ser constante entre cada recapitulação; preso ao oscilador há um maquinismo intermediador que não conduz essa engrenagem, peças enferrujadas pela fricção. Fecho a tampa, dou umas batidinhas e os pulsos voltam como se fosse algum tipo de contador para demonstrar o tempo em unidades pertinentes, frequentemente segundos, minutos e horas.  Pois bem, os processos não exibem o desfecho inteligível.
Olho para o relógio – 20h, como o tempo passa de vagar. O mais rápido que pude tentei compreender outra vez a função de cada ferramenta, tirei peça por peça, limpei com o maior cuidado para montar e engrenar novamente. Às 20:30h ajusto os ponteiros... TIC... TAC, estagnou, corro contra o tempo para desmontar o relógio, como um relojoeiro principiante, tento me focar nas variações das peças, busco ouvir o som do pulsar de um dos ponteiros, mas só me vem gritos e desespero como se seguissem a dizer: é a minha hora e não a sua. Anulo, saio em busca dos mecanismos, desde as ampulhetas do século XV até as do século XXI, no relógio atômico. Será que preciso ter outras peças ou funções, como: ajuste, balanço, bezel, calibre, cronômetro, válvula de escape de hélio. Não. Já sei: a corda principal ou movimento de corda manual, mais rápido... mais rápido... mais rápido... engrenou.
Ás 20:57h, meu corpo engrenou nesse tempo e espaço onde só faço, o mais rápido possível, compreender outra vez a função de cada ferramenta, tirar peça por peça, limpar com maior cuidado para montar e engrenar novamente. Como todas as coisas que me cercam eu nasço, cresço, sou sistematizado analogicamente no tempo, no TIC TAC; eu solfejo ou engreno e, no derradeiro dia, PARO.
TIC... TAC... TIC... TAC... TIC... TAC... Não entendo! Perdi alguma peça, uma ferramenta, o tempo?  Não, foi apenas falta de graxa.
16 de dezembro de 2017.

Ficha Técnica:
Montagem Teatral:
O grande dia qualquer.
Grupo de Teatro Universitário (GTU NOITE)
Elenco:
Adriane Henderson, Costa Junior, Carolina Monteiro, Dalila Costa, Fellipe Sena, Igor Moura, Ibsen Caio, Ivany Palheta, José Neto, Karol Ferreira, Lane Amorim, Luan Calderone, Mardox Maia, Matheus Folha, Natalia Aprigio, Rose Mendes, Ronaldo Santos, Thiago Oliveira e YsamyCharchar.
Dramaturgia:
Alana Lima e Lucas Serejo.
Direção:
Rhero Lopes e Paulo Jaime.
Assistente de Direção:
Luiza Imbiriba.
Arte, Iluminação e Cenografia:
Manuela Ferraz.
Assistente de cenografia:
Madu Santos.
Preparador Corporal e Coreógrafo:
Natan Magno.
Preparador de Elenco:
Paulo César.
Músico, Compositor e Preparação Vocal:
Arthur da Silva.
Assessoria de Imprensa e Fotografia:
Allyster Fagundes.
Assessoria de Comunicação:
Igor Moura e Allyster Fagundes.
Produção:
Rhero Lopes, Paulo Jaime e Luiza Imbiriba.
Figurino e Maquiagem:
Ana Luz Marinho e Mayla Serrão

(Equipe Ateliê Galeria).

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