Autora da
Crítica: Jaqueline Miranda, Graduanda da Licenciatura em Teatro
UFPA, Bolsista PROINT 2016 pelo Projeto TRIBUNA DO CRETINO
O palco
escolhido foi a Praça Batista Campos, mais precisamente entre duas árvores em
frete ao castelinho, onde eu estava sentada em uma das pedras. Demarcando o
espaço, uma corda no chão e algumas capas de sobrinhas, os lugares
"Vips", segundo denominação dada pelos palhaços da Trupe Nós, os Pernaltas. Algumas
pessoas se aproximam e tomam o espaço, logo voltando sua atenção para os
palhaços que, em breve, começariam a apresentação do espetáculo Varieté. De imediato identifico algo
que me desperta muito interesse em escrever esta crítica, isto é, a
sonoplastia. Fiquei muito entusiasmada quando vi vários instrumentos musicais
no centro do palco, pois a palhaçaria me chama muito atenção e mais ainda
quando os palhaços tocam e cantam ao vivo, mas também confesso que fiquei
frustrada, pois não houve um melhor
aproveitamento desse recurso. Compartilho, então, minhas impressões sobre o
modo com que a música foi executada neste espetáculo, a seguir.
Considero
que as músicas escolhidas e entoadas pela trupe foram executadas de modo um
tanto atrapalhado, com erros na letra e no ritmo musical – na música, certa
quantidade de tempo somada a uma de silencio cria um movimento chamado de ritmo
ou pulsação. Percebi também que as músicas serviam apenas para tapar alguns
buracos – como, por exemplo, de indecisões dos números que viriam depois. Enquanto
assistia ao espetáculo me vieram alguns questionamentos, tais como: não seria
melhor se apropriar de apenas um recurso técnico, como nesse caso – por
exemplo, o musical – do que fazer uma variedades de coisas e não executá-las
bem? Isso é o que me chama mais atenção na apresentação da Trupe, pois pude
perceber que a música não teve um papel positivo na apresentação dos palhaços,
fiquei bastante incomodada não só pelos erros, mas também pelo mal uso das
músicas em cena.
Houve um
número que me chamou atenção e se dava do seguinte modo: Dois palhaços pegavam
seus instrumentos – um tambor e um triângulo respectivamente, – e tocavam uma
música regional para que um terceiro palhaço chamasse alguém da platéia para
dançar; até ai tudo bem, enquanto não haviam começado a tocar, pois quando
começaram, demorei um pouco para entender qual a música que eles tocavam, pois
o palhaço que estava com o triângulo não tinha noção básica de música como de
ritmo, conhecimento obrigatório pra quem toca algum instrumento de percussão,
nesse caso o triângulo.
A partir
disso penso que eu em quanto artista se não domino alguma área artística – seja
ela a música, a dança ou o teatro – não seria adequado fazer uma variedade de
coisas que, fatalmente, serão mal executadas por mim. Na condição de musicista
com experiência na área de violão popular, violino, flauta e canto lírico saio
do espetáculo Varieté com a
impressão de que havia apenas a vontade de executar a variedade sem se
preocupar com a qualidade que chegaria ao público. Não é pelo fato de não me apresentar para uma
platéia formada por músicos que não devo fazer uma boa música e creio que isso
serve para todas as áreas, porque penso que a arte tem o poder de tocar as
pessoas e a arte bem feita chega em lugares que pode se transformar.
Como me
alegra a iniciativa da Trupe em levar a arte a lugares com acessibilidade a
todos os tipos de pessoas – sejam elas crianças, jovens, adultos ou idosos. Mas
me instiga também a qualidade com que isso chega a essas pessoas, não me refiro
a qualidade em recursos, pois se pode fazer um palhaço com apenas um nariz
pintado de vermelho ou não, contanto que a minha alma seja de palhaço e que
isso chegue as pessoas.
Jaqueline Miranda
03 de Julho de 2016
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