Este
blog nasce com o intuito de incentivar a reflexão crítica acerca dos
espetáculos de Teatro e Dança produzidos na área metropolitana de Belém, por
meio de produção textual que contextualize e aprofunde os conceitos,
procedimentos e elementos intrínsecos as linguagens artísticas em questão.
Não
se trata, a rigor, de estabelecer o lugar do crítico de arte – seja de Teatro
ou de Dança – figura esta que não encontrou em nossa cidade, abrigo para a produção
de posicionamentos críticos que corroborem para a compreensão e estado das artes
cênicas na contemporaneidade. Em verdade, a figura do crítico de arte parece ter
freqüentado bem pouco as redações dos nossos jornais locais. Atualmente, os
poucos cadernos jornalísticos destinados a produção artística limitam-se a mera
divulgação de informações e serviços, e não raro, reproduzem a cópia dos releases
enviados por e-mail, não se dando sequer ao trabalho de confrontar ou conferir
as informações. Esta situação lastimável ultrapassa o limite do ridículo quando
os pseudo-jornalistas conseguem a façanha de publicar as cópias dos releases
com dias e horários errados – os mais cuidadosos limitam-se a uma “entrevista”
por telefone, onde procuram, desesperadamente, entender alguns conceitos chaves
para o entendimento do espetáculo.
Mesmo reconhecendo
esta realidade não é papel deste blog suprir esta lacuna. O que se pretende
aqui é oportunizar o debate criativo e crítico de nossa produção local. Desse modo,
os textos remetidos para publicação antes de reivindicarem o estatuto de
crítica de arte devem pautar-se pelo compartilhamento das impressões criticas
sobre os trabalhos avaliados. Discutir, refutar, objetar, exaltar, destacar ou
mesmo desqualificar procedimentos ou opções de encenação devem, portanto, ser
encarados como parte de um processo combativo que objetiva suplantar uma prática
artística cretina.
Considero
pratica artística cretina àquela que se limita a misturar os elementos de
encenação ou mesmo as diversas linguagens artísticas sem nenhum critério fundamentado
numa poética ou em qualquer outro âmbito. Utilizar inadvertidamente e de forma despropositada
os elementos de uma linguagem artística é coisa de cretino; vangloriar-se dessa
prática escondendo-se por detrás de conceitos em voga – tal como o de Performance – é coisa de cretino
fundamental. E como bem nos alertou Nelson Rodrigues (1912 – 1980), o cretino
fundamental consegue arregimentar seus pares sem muito esforço diante da
mediocridade reinante. Por isso é preciso combatê-lo.
Nesta
perspectiva, a denominação mais adequada pra este espaço deveria ser Tribuna Anti-Cretino ou Tribuna Contra-Cretino, dado que se
busca por meio da reflexão crítica ultrapassar a cretinice fundamental estabelecida.
No entanto, para me prevenir da arrogância e prepotência que possa estar oculta
nas entrelinhas de meus pensamentos, sou o primeiro a assumir a cretinice e
estampá-la no título deste blog.
Assim,
ciente de ser mais um cretino assumo a tarefa de administrar este espaço visando,
antes de tudo, superar minha própria condição e impedir o refestelamento dos
cretinos fundamentais.
Edson Fernando
08.07.2013
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