Credenciais da Autora: Graduanda em Licenciatura em Teatro UFPA; Participante do Projeto TRIBUNA DO CRETINO.
“Entre, divirta-se,
beba, dance e assista! Usufrua do prazer que nossas Madalenas lhes oferecem!”.
Esse era o convite da Casa das Madalenas.
Ah! Cabaré! Lugar de
puta, de uma época em que se tinha orgulho de ser puta, período da Belle Époque.
Apresentação do cabaré:
palco onde as Madalenas dançavam e ostentavam suas habilidades na cama, o
escritório do dono do estabelecimento, um quarto onde ocorriam cenas dos
encontros das Madalenas e um bar; nesse as vendedoras estavam atentas aos
pedidos dos clientes (espectadores), qualquer pedido (três tipos de bebidas
alcoólicas eram oferecidos) deveria ser pago, algumas poucas mesas e cadeiras
estavam disponibilizadas aos “clientes” (espectador), o que deixava o público
na expectativa do show.
Prostituta/Madalena o
que vais me oferecer? As Madalenas dançam como me foi prometido no inicio,
mostram seminus os seios e a bunda, bebem, choram e brigam. Mas continuo aqui
esperando me sentir parte desse meretrício. Sou cliente apenas quando se trata
de comprar bebidas, não participo do jogo. Estou para alimentar a cenografia,
devo pedir minha bebida sem atrapalhar a cena. Começo a questionar qual a
necessidade de colocar uma parte do público nas mesas e a maioria no
praticável. O texto não é direcionado para quem está nas mesas – a quarta parede
está bem estabelecida –, o público do praticável também é ignorado. E eu que
achava ser cliente me desaponto. Me deixe entrar! Posso ser PUTA como você, ou
uma cliente sedenta de prazer! A posição em que estou não me excita.
Sou puta
Quando uso a boca vermelha
Meu salto agulha
E meu vestido preto.
Sou puta
Mordo no final do beijo
Não fico reprimindo desejo
Nem me escondendo na aparência de
menina.
Sou uma puta de primeira
Acordo as 6:30
Pego o ônibus debaixo de chuva
Não dependo de salário de macho
E compro a pílula no final do
mês.
(Helena
Ferreira)
Esta é a descrição da
puta atual. Essa puta, luta por direitos e contra políticas de repressão. E tu
Madalena que vens da Belle Époque,
não vais dizer nada? Tu me conta apenas a história de um período do meretrício de
Belém sem associá-lo ao contexto atual, deixando o espectador em uma camada
rasa, seduzido com a história, mas podes não produzir uma reflexão critica de
sua realidade. Tu fizeste acreditar através da disposição de palco que sou
cliente, logo descubro que não. Então esperei teu discurso, mas nele tu não
abordas a luta das putas atuais, não defendes e nem mesmo acusa tuas
companheiras. O que querem as Madalenas? Tu prometeste muito, as pré-liminares
me agradaram, mas não cheguei ao orgasmo.
Madalena tu és PUTA ou
boneca inflável?
Geane
Oliveira
16
de Dezembro de 2015.
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